Durante o último fim-de-semana, a Associação Portuguesa de Realizadores(APR) manifestou, em comunicado, “apreensão e indignação sobre o modo silencioso como o governo está a apagar a Cinemateca Portuguesa”. Entre as medidas administrativas aplicadas pelas Finanças à Cinemateca destacou-se, durante o mês de Março, o cancelamento de oito sessões previstas pela instituição.

A programação mensal planificada pela Cinemateca para Abril também esteve na mira governamental, o que fez com que a instituição se visse “obrigada” a reduzir a sua oferta mensal a três sessões diárias, em lugar das habituais cinco. O fecho de uma das salas foi outra das medidas introduzidas pela recente portaria, que diminui a “autonomia financeira e administrativa” da Cinemateca.

A presidente da APR, Margarida Gil, refere que as acções levadas a cabo pelo Governo são “lentas e subreptícias” e têm contribuído para “cortes e retenções no sector cultural”. Destaca, ainda, que esta situação é preocupante, uma vez que tem provocado o “desvio de verbas para o orçamento geral do Estado”.

Asfixia cultural

As medidas aplicadas à Cinemateca têm colocado a instituição numa situação de “asfixia”, ameaçando a sobrevivência da mesma. Esta situação pode provocar, a longo prazo, “uma diminuição da programação”, deixando o país sem uma “instituição fundamental na cultura de várias gerações que se criaram a ver filmes”, referiu Margarida Gil.

Margarida Gil alerta que “a cultura está na iminência de paralisar” perante uma “política permanente de desfalcar as forças que exprimem a cultura que, num país tão frágil, é sempre vista como um acessório”.

Face ao panorama actual, a APR encontra-se numa situação de “alerta”. Espera respostas do Ministério da Cultura para evitar que, a longo prazo, a Cinemateca não seja fechada.