Rui Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP), esteve esta segunda-feira no Clube dos Pensadores, em Vila Nova de Gaia. O autarca começou por dizer que a democracia “não é um bem adquirido”, dando “evidentes sinais de desgaste”.

Afirma que há uma “crescente incapacidade política”, uma “clara perda de governabilidade” e um “poder político fraco e desacreditado”. Existem, também, interesses individuais a sobreporem-se aos colectivos, uma comunicação social a quem “quase tudo é permitido”, um “endividamento externo brutal” e uma “crescente confusão de valores que estruturam a sociedade”, declara.

Rui Rio considera que o maior problema a resolver, além do endividamento externo, é o da justiça que, reafirma, do ponto de vista do cidadão, “funcionava melhor antes do 25 de Abril”. Além de notar que o regime tem “notórias dificuldades” em lidar com tudo isto, o presidente da CMP realça a “hipocrisia do discurso político” e questionao conceito de tolerância, dizendo que este está “invertido”.

Comunicação social deve ser responsabilizada

O presidente do CMP faz severas críticas à comunicação social, dizendo que o conceito de liberdade de imprensa é um conceito do qual se “abusa” e que é preciso haver responsabilização. Considera, também, que há uma “preocupação excessiva em responsabilizar o centralismo”, enquanto os portuenses são os primeiros a criticar a própria cidade, o que não acontece em Lisboa.

O social-democrata não duvidaque a política é uma “função nobre”, que quem tem cargos políticos não tem mordomias e que “o que fica caro são as más políticas”. Rui Rio pensa que é necessária uma “união dos partidos” e “reformas no sentido de mais governabilidade”. Quanto às próximas eleições, diz que “tem de haver um governo de maioria”.

Em relação às campanhas eleitorais para as eleições de 5 de Junho, o autarca está convicto de que devem ser os dinheiros públicos e dos militantes dos partidos a financiá-las, mas em valores pequenos, para que não haja ninguém a mandar no partido.

Questionado sobre a situação da Metro do Porto, Rui Rio diz que existe menos de 25% de capital próprio, ou seja, mais de 75% está por pagar.