Para além de “comité de três membros”, troika designa, também, um carro puxado por três cavalos. Em política, é o nome que se dá a três elementos que se colocam ao mesmo nível de poder e que, num esforço comum, gerem uma entidade.

Portugal, a entidade, recebeu, nos últimos dias, a “sua” troika. No país, ela é constituída pela Comissão Europeia, pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). São estes três agentes que vão definir o futuro económico português.

Este trio, responsável pela reestruturação económica, vai começar por avaliar as reais contas de Portugal para que, posteriormente, se estabeleçam as necessidades de financiamento do país. Para já, troika e Governo estão apenas a discutir questões técnicas. O “cheque” a passar a Portugal pode ascender aos 80 mil milhões de euros.

Nos últimos dias, têm-se multiplicado os rankings e estudos que analisam à lupa a economia portuguesa. Assim, prevê-se que os três membros já conheçam bem o que os espera. O BCE é, talvez, a autoridade que melhor conhece o estado de Portugal. Ainda não se sabe como vão ser feitas as negociações: se entre a troika e todos os partidos, ou apenas entre a primeira e o Governo de gestão em vigor.

Quem são as caras da troika?

Jürgen Kröger, Rasmus Rüffer e Poul Thomsen são os “agentes do destino” português. É pelas mãos destes três ilustres desconhecidos que passarão todas as decisões iniciais, no que toca ao resgate económico pedido pelo Governo a Bruxelas.

Da Comissão Europeia chega Jürgen Kröger. Licenciado em Economia na Universidade de Hamburg, dirige, actualmente, um gabinete de estudos económicos na CE. Na década de 80, o alemão teve uma breve passagem pelo Departamento Europeu do FMI, onde se destacou pela participação no modelo macro-econométrico da Alemanha. Também interveio na estratégia de política monetária do BCE. Massimo Suardi, italiano, vai ser o grande suporte de Kröger, já que é chefe-adjunto da delegação técnica da comissão.

Rasmus Rüffer vem representar o Banco Central Europeu. Actualmente, é uma espécie de “vigilante” dos países da União Europeia e analisa os desequilíbrios macroeconómicos. Há dez anos que Rüffer se encontra na instituição. É, também, licenciado em Economia, mas pela Universidade do Indiana, nos Estados Unidos da América.

O FMI enviou a Portugal Poul Thomsen. Desde 1982 que o dinamarquês faz parte da instituição e tem já muito experiência no que toca a planos de resgate. Thomsen liderou as negociações entre o FMI e a Grécia, assim como com a Islândia. O economista é visto como um negociador pouco flexível. A sua especialidade é a economia dos países ex-socialistas do Centro e Leste da Europa. Este será o membro mais decisivo no que toca ao resgate a Portugal, sendo reconhecido como o líder da troika.