O Grupo de Intervenção do Porto (GIP) é constituído por jovens entre os 24 e os 35 anos, na sua maioria designers, que têm por objectivo alertar para a quantidade de edifícios degradados do centro do Porto e promover a preservação do património urbano. Escolhem um prédio que esteja abandonado e penduram na varanda roupa de cartão, “um sinal tipicamente português de que poderia haver vida na casa”, como refere Mariana Oliveira, um dos membros do grupo. O passo seguinte é colocar um bilhete com o site do projecto, que recebeu o nome “Porto Abandonado”, para que as pessoas conheçam a causa.

Apesar de terem o símbolo “okupa” estampado na roupa de cartão, recusam uma associação a este movimento. A única intenção do grupo é que as casas voltem a ser ocupadas pacificamente. “Aquilo que propomos é uma ocupação cultural e com consciência social”, explica Mariana Oliveira. Dar uma vida nova aos prédios, tornando-os habitações dignas, associações culturais, bibliotecas ou lojas, são algumas das propostas do GIP para a regeneração destes edifícios.

O objectivo é sinalizar o máximo de prédios devolutos da cidade, através das roupas de cartão que os próprios activistas recolhem dos ecopontos, recortam e penduram nas varandas. A partir daí, esperam que “a intenção chegue à consciência das pessoas e se faça alguma coisa pela reabilitação urbana”, afirma Mariana Oliveira.

Apesar das intervenções serem sempre feitas à noite, o grupo nunca teve problemas com a polícia. Mariana Oliveira faz questão de elucidar que “o cartão é um material degradável” e aquilo que o grupo faz não é vandalismo. “É apenas uma forma de demonstrar o nosso descontentamento com a situação das casas abandonadas e apresentar formas de rentabilizar o seu potencial”, remata.

Até agora, o único resultado positivo que o GIP obteve com esta intervenção foi, segundo Mariana Oliveira, “o reconhecimento da imprensa”. No entanto, o grupo promete continuar a subir às varandas da cidade e só descansar quando o mapa das casas devolutas estiver totalmente sinalizado.