Já se sabe que quando tudo está decidido, pouco ou nada há a fazer. Pouco foi o que se fez na 27.ª jornada da Liga ZON Sagres, com o Benfica – Beira-Mar a ser um exemplo disso mesmo, num estádio da Luz onde se assistiu a um jogo de futebol a “meia luz”. Apesar de o jogo entre “águias” e aveirenses nada decidir (o Benfica continua no segundo lugar de onde já não “pode” sair e o Beira-Mar continua no décimo posto, de onde pode sair, mas que não há grande problema se não o fizer), outros disputaram-se que ainda tinham em jogo certos objectivos.

Em específico, Braga e Sporting eram as equipas com mais interesse nos acontecimentos desta jornada. Os de Alvalade procuravam recuperar o terceiro lugar ao Braga, enquanto os minhotos pretendiam segurar ainda mais o lugar no pódio. Contudo, nesta ronda do campeonato, parecia que nem uma nem outra equipa queria alcançar o seu objectivo. Deu a sensação de que o Sporting que jogou no Porto poderia ter feito muito mais para lutar pelo resultado que lhe convinha. O Braga, em vez de aproveitar o escorregão do Sporting, deixou-se levar pelo clima de fim de época.

Benfica – Beira-Mar (2 – 1)

O nome do clube começa por “B” e Jorge Jesus achou por bem colocar, no começo do jogo, uma equipa que começasse pela mesma letra do abecedário. Carlos Martins e Aimar eram os únicos, no onze, que ainda faziam a primeira letra do alfabeto mostrar-se de forma ténue. Por causa disto, o Beira-Mar ganhava mais confiança para disputar uma partida que era quase “a feijões” para os “encarnados”. Sidnei foi um dos jogadores benfiquistas que mais levou a peito isto do “jogo a brincar”. O defesa-central, por mais do que uma vez, desconcentrou-se e deixou o perigo chegar à baliza de Júlio César.

Na primeira parte, destaque para o remate de Wilson Eduardo ao poste e para o golo anulado a Pablo Aimar que, em cima do intervalo, poderia ter permitido ao Benfica começar a segunda parte com outra tranquilidade. A segunda metade iniciou com Kardec a atirar, também, ao poste e, aos 54 minutos, assistiu-se à redenção de Sidnei, que foi à outra área encostar para o primeiro golo da partida. Talvez tenham sido as entradas dos “titulares” Maxi e Cardozo a “mexer” com o jogo, porque aos 70 minutos, Jara, inspirado, fez um bom golo através de uma jogada individual. Até ao fim, viu-se mais Beira-Mar, que definiu o resultado final por Yartey, numa “bomba” de pé esquerdo, sem hipóteses para Júlio César.

FC Porto – Sporting (3 – 2)

O Sporting tinha todos os motivos para fazer um grande jogo no Estádio do Dragão: motivação inerente a um clássico; motivação de chegar ao terceiro lugar; motivação de quebrar a invencibilidade do FC Porto. Além destas razões, a equipa sportinguista tinha sido a única que ainda não tinha perdido com os “dragões” no campeonato. Para ajudar ao reportório de argumentos, estava ainda fresca na memória a bela atitude que Couceiro incutira nos jogadores, no último clássico disputado pelos “leões”, diante do Benfica, para a Taça da Liga.

Pois bem, não foi a nada disso que se assistiu, este domingo, na cidade Invicta. O próprio resultado é enganador, na medida em que, quem olhar para os números, pensa que o Sporting disputou até ao fim o resultado com o FC Porto. É verdade que os “leões” chegaram primeiro ao golo, mas depois disso os portistas viraram com facilidade o resultado e chegaram ao 3 – 1 perto do fim do jogo, altura em que o Sporting reduziu o marcador. Os 63% de posse de bola “azul-e-branca” contra os 37% do Sporting, acrescidos aos 24 remates do Porto contra os onze dos “leões”, dizem muito daquilo que se viu no clássico.

Como foi referido, o Sporting marcou primeiro, aos 11 minutos, através de André Santos / Matías Fernández, já que o remate do português desviou no chileno, traiu Helton e entrou na baliza. Aos 27, Radamel Falcao empatou o resultado num golpe de cabeça incrível. Mais golos só na segunda parte, aos 51 minutos, mais uma vez pelo colombiano, de cabeça, que bisava assim na partida e dava a vantagem aos portistas. Perto do fim, Walter marcava o último para os “dragões”, mas no lance seguinte o Sporting reduzia por Matías. 3 – 2, numa partida marcada pelas queixas leoninas relativas a um pretenso penálti de Rolando.

Nacional – Sp. Braga (1 – 1)

O Braga entrou na Choupana a saber que se podia distanciar quatro pontos do Sporting. Ficou-se pelos dois, já que o empate contra os madeirenses a mais não permite. Muito por culpa própria dos arsenalistas, que (talvez pela descompressão do jogo europeu) fizeram um jogo de “pré-temporada”: lento e pobre em oportunidades. A primeira parte quase não existiu e na segunda, apenas destaque para o golo de Hélder Barbosa, aos 76 minutos, e para o “dramático” empate do Nacional, em cima do fim do jogo, num cabeceamento de Luís Alberto.