“Todas as viagens acabam sempre no mesmo sítio: a cama”. Foi desta forma que Ricardo Adolfo começou o seu discurso ao terceiro dia do “Literatura em Viagem” (LEV) e animou os presentes. Para o escritor, é na cama que uma viagem termina, mas outra começa: a memória, “responsável por uma série de perguntas” que se fazem quando se acorda.

O autor acrescenta que a “viagem da memória” começa quando se decide contar aquilo com que nos debatemos ao acordar. Por vezes, esta viagem tenta desvanecer-se e, segundo Ricardo Adolfo, é preciso dar-lhe “terra e espaço” para que se torne mais forte.

A cubana Karla Suarez e o português Luís Amorim de Sousa usaram as suas vivências para falar do tema. Luís Amorim de Sousa falou da sua estadia em Londres e exaltou a geração “especial” à qual pertenceu e que, segundo o autor, eram influenciados pelas noções de cidadania. De acordo com o poeta, é “a partilha de momentos que pertencem a todos e são vividos de forma especial” que marcam a sua escrita.

Karla Suarez recordou a sua vida em Havana, através de um excerto de uma obra que escreveu. Para a autora, este livro foi difícil de escrever, pois teve que “fazer uma viagem na memória real” da sua vida. Karla Suarez falou na “aventura de sair à estrada e apanhar qualquer transporte” e do facto de saber sempre de onde se parte, mas “não onde se chega”.

O poeta tunisino Hubert Haddad falou nas questões de ficção e realidade, considerando estas duas diferentes. O romancista também fez referência aos falsos oxímoros.

Na galeria municipal está ainda a exposição “Subway Life” de António Jorge Gonçalves, o ilustrador que fez os seus desenhos nas viagens de metro em 10 cidades pelo mundo. António Gonçalves desenha os utilizadores do metro, destacando as suas principais características.

Karla Suarez: a preferida na audiência

Fátima Fonseca visita o LEV há dois anos, pelo interesse que tem pela literatura, viagens e a curiosidade de conhecer a opinião dos escritores presentes. A ouvinte destaca a oradora Karla Suarez porque o relato da escritora a “tocou”, uma vez que transmite o que se sente quando se deixa a cidade natal.

Leonor Machado visita o LEV pela primeira vez, influenciada por uma amiga. A espectadora gostou do que viu, principalmente do discurso de Karla Suarez. Para Leonor Machado, a escritora cubana tem o “dom da comunicação”.

Também a escritora cubana impressionou Maria Emília Moreira, que distingue a “desenvoltura e a expressividade” de Karla Suarez. O gosto pela literatura e por eventos deste tipo levam Maria Emília Moreira a participar no LEV.