“Tentamos perceber até que ponto a marca Porto pode ganhar com a sua cultura e marca turística”, disse Manuel Carvalho ao abrir o quarto e último debate da 8.ª edição do “Olhares Cruzados sobre o Porto”. O director adjunto do jornal “Público” analisou alguns dados e concluiu que, em 2010, o Porto contou com “600 mil turistas estrangeiros” e foi considerada “uma das 50 cidades mais visitadas”. O moderador do debate afirmou que, além do Futebol Clube do Porto e do Vinho do Porto, também “Serralves, a Casa da Música e o Teatro Nacional de São João são marcas da cidade”.

O debate, que tentou responder à questão “O que valem o turismo e a cultura como factores de desenvolvimento?”, aconteceu esta terça-feira na nova sede da EDP, na Avenida da Boavista, e contou com vários oradores.

Teresa Lehman, vice-presidente da CCDR-N, começou por referir a importância do turismo e da cultura como “factores de desenvolvimento”. Às cidades, conferiu-lhes a “capacidade de transformação”, tendo definido a urbe como um “território de criação, produção, troca e circulação de capital”. A política de cidades foi um dos temas abordados por Teresa Lehman. Cidades, turismo e cultura apresentam, segundo a vice-presidente da CCDR-N, “dilemas e confrontos entre o contemporâneo e o histórico, os habitantes e os visitantes”.

Nuno Azevedo, orador convidado do último debate do 8.º Ciclo de Conferências, concorda que o turismo é um “factor evidente de desenvolvimento”. Quanto à cultura, a opinião não é a mesma. O administrador da Casa da Música considera que, em Portugal, existe uma “cultura política com uma falta de visão absolutamente crónica”, bem como uma “cultura de descoberta que privilegia a cópia”. Nuno Azevedo acrescenta que, em Portugal, há “uma cultura urbana que renega a identidade”, aliada a uma tendência quase inevitável de “transformar o nosso futuro num fardo”. “Isto acontece porque não temos a humildade de combater a nossa própria ignorância”, acrescenta.

Guta Moura Guedes foi a última interveniente. A directora da Experimenta Design conferiu às cidades a vantagem competitiva de conseguirem funcionar “como pólos isoladores do país”, uma vez que têm “um ritmo e uma velocidade que um país não tem”, remata. Segundo Guta Moura Guedes, “cada vez mais há um olhar diferente sobre as cidades como plataformas de interacção”.

Para a designer, o maior desafio é “aproximar os focos culturais e criar uma capacidade de conexão” entre os principais locais de interesse. No Porto, sugeriu uma ligação mais forte entre o triângulo “Teatro Nacional de São João, Serralves e Casa da Música”, sendo apenas “uma questão de planeamento estratégia e comunicação”, facilmente aliada “ao valor histórico absolutamente extraordinário” da capital nortenha.