Durante a cerimónia das comemorações do 25 de Abril no Porto, Rui Rio falou na necessidade de se “implementar reformas ao nível do próprio regime político”, devido ao “desgaste” do mesmo e à “baixa credibilidade” dos políticos. De acordo com o presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP), nenhum “regime é eterno”.

Rio considera que todos os problemas económicos e financeiros “são filhos do desgaste que o próprio regime político tem sofrido”. Para o social-democrata, “o 25 de Abril cumpriu a sua função”; o problema foi que os portugueses não perceberam que a “democracia tem de ser permanentemente acompanhada e renovada, sob pena de se degradar”.

Durante o seu discurso criticou a cultura do “gaste agora e pague depois” e a “mentalidade geral de exagerado incentivo ao consumo”. O autarca apontou o dedo aos que o apelidaram de “economicista” e “contabilista da política”, quando defendeu a moderação orçamental.

O presidente da CMP afirmou que se os partidos “continuarem a guerrear” e não dialogarem, nos próximos anos vão viver-se “momentos ainda mais difíceis”. Por isso, apelou ao “sentido de responsabilidade”, uma vez que, caso isso não se faça, a caminhada será “irresponsável até ao colapso”.

No entanto, para Rui Rio, apesar do momento difícil que o país atravessa, Portugal vai conseguir, como já fez ao longo da história, “dobrar os cabos das Tormentas e transformá-los em cabos da Boa Esperança”.

Medalhas reconhecem o “engrandecimento da sociedade em geral”

Rui Rio, considerou a atribuição de medalhas, na sessão do 25 de Abril, uma forma de “valorizar a data” e “reconhecer o mérito de quem se distingue pelo seu contributo para o engrandecimento da sociedade em geral e do Porto, em particular”. Para o autarca, “sem mérito e responsabilidade não é possível construir uma sociedade equilibrada e desenvolvida”.

O bispo do Porto, Manuel Clemente, foi um dos homenageados pelas suas “qualidades de homem do clero pacificador e devoto” e pelo “serviço público e cívico que tem dedicado aos portuenses e ao desenvolvimento da cidade do Porto”. Para o bispo, esta medalha de honra significa mais responsabilidades. Manuel Clemente focou o papel preponderante da Igreja nesta época de crise e acredita que Portugal vai ultrapassar a má fase actual.

Manuel Clemente foi o porta-voz dos restantes medalhados. O membro da igreja destacou a cerimónia por ser um “particularíssimo exercício de cidadania”. O bispo considerou que o Porto “poderá estar mais apto a reconstruir-se, menos dependente do topo e mais habituado a perseverar”.

Também Aureliano Capelo Veloso, primeiro presidente da Câmara do Porto, recebeu a mais alta distinção, a Medalha de Honra. As medalhas de Mérito, grau de ouro foram entregues ao café Majestic, à Livraria Lello, ao criminólogo Cândido Angra e ao juíz Manuel Fernando dos Santos Serra. Manuel Centeno, arquitecto e campeão de bodyboard recebeu a medalha de mérito desportivo. Três gestores de entrada, Manuel Vieira Nogueira, Delfim Rodrigues e Mário Rodrigues Soares, arrecadaram as medalhas de Mérito, grau cobre.