Se em território nacional se assistiu, esta quarta-feira, a uma “remontada” portista ao resultado da primeira mão da meia-final da Taça de Portugal, em Espanha houve “remontada” madridista nas expectativas para a final da Taça do Rei.

Tudo apontava para que o FC Porto tivesse uma missão quase impossível para conseguir chegar à final da prova, depois de ter perdido por 2 – 0, frente ao Benfica, no Estádio do Dragão. Tudo apontava para que o Real Madrid tivesse uma tarefa muito difícil para derrotar o “todo-poderoso” Barcelona e, assim, conquistar um troféu que lhe fugia há 18 anos. Enfim, impossibilidades e dificuldades ultrapassadas com sotaque português, quer cá, quer lá. Isto, porque também a vitória do Real Madrid pertence muito a José Mourinho e, acima de tudo, a Cristiano Ronaldo, que marcou o golo que fez os “merengues” triunfarem.

Benfica 1 – 3 FC Porto (Total: 3 – 3; FCP passa com mais golos fora)

Até parece que o FC Porto fez de “propósito”. Mais uma vez, os “dragões” foram ao Estádio da Luz com tudo contra eles e, mais uma vez, festejaram lá uma vitória importante, que garante a presença na final do Jamor. Mas a explicação não fica por aqui: até parece que os portistas “treinaram” no passado fim-de-semana, frente ao Sporting, a “remontada”. O clássico diante dos “leões”, parece ter sido um teste para gizar a estratégia que tinha de ser empregue na partida da Luz.

Coincidência ou não, a verdade é que o FC Porto foi para Lisboa com a certeza de que era capaz de virar um resultado negativo, tal como tinha feito contra o Sporting. Num espaço de três dias, os “azuis-e-brancos” operaram duas reviravoltas em resultados negativos e logo frente aos maiores rivais em Portugal. No que diz respeito ao que se passou no campo, destaque para um Benfica “remodelado” no seu onze inicial. As ausências dos lesionados Salvio e Gaitán, obrigaram Jorge Jesus a isso. Com Peixoto e Jara nos lugares dos argentinos e Martins a “maestro”, o Benfica iniciou a partida com a sua melhor equipa “possível”, num 4-4-2.

O FC Porto subia ao relvado com o 4-3-3 habitual e com Rúben Micael e Crístian Rodríguez como as principais novidade do “onze”, já que a presença de Beto na baliza era esperada. Apesar da equipa algo modificada, o Benfica começou o jogo de forma tranquila e pausada, porque sabia que tinha uma vantagem importante na eliminatória. Os jogadores portistas, quase de forma “cínica”, não pressionavam muito e deixavam as “águias” controlarem o jogo. Ainda assim, a primeira oportunidade da partida surgiu por Hulk, de livre, aos 7 minutos. Aos 18, destaque para um cabeceamento perigoso de Javi García. À meia-hora de jogo, Carlos Xistra já tinha “amarelado” três portistas e um jogador do Benfica.

Apesar da segurança demonstrada pelas “águias”, quem terminou a primeira parte “por cima” foi o FC Porto, com um domínio que culminou aos 40 minutos num contra-ataque “venenoso” de Hulk e Falcao contra Luisão e Júlio César: ganhou o guardião do Benfica, que fez uma defesa incrível ao remate do colombiano. Mas se na maioria do primeiro tempo foi o Benfica que controlou o jogo, a segunda parte foi de uma hegemonia total para os “dragões”. Os portistas não tinham nada a perder e “libertaram-se”. Com a “avalanche” ofensiva do Porto era normal que a qualquer altura o jogo ficasse “partido”, através de contra-ataques “encarnados”. Mas não houve muito tempo para isso.

Clarividência no passe e boas jogadas colectivas marcaram o timbre de jogo dos “azuis-e-brancos”. Aos 59 minutos, Hulk mandou a primeira “bomba” ao “porta-aviões” do Benfica: remate, de livre, a 111 km/h, que só um Júlio César concentrado conseguiu parar. Aos 63, começou a “remontada”. O “fundista” (pelo que correu) Moutinho fazia, de remate fora da área, o 1 – 0. Aos 71, Hulk empatava a eliminatória, ainda que numa jogada em que estava fora-de-jogo. Aos 73, Falcao “caçava” a “águia” com o remate para o 3 – 0. Dez minutos de sonho, para os portistas. Até ao final, destaque para um penálti a favor do Benfica, convertido por Cardozo, mas que não chegou para anular a vantagem que o Porto acabara de conquistar na Luz e que coloca a equipa de Villas-Boas na final da Taça, frente ao Guimarães.

Real Madrid 1 – 0 Barcelona

Também na final da Taça do Rei, parece que o Real Madrid, ou melhor, José Mourinho, fez de “propósito”. Ou seja, no jogo do fim-de-semana para a Liga espanhola, o técnico português tinha colocado a sua equipa a jogar na expectativa e de forma defensiva, frente ao Barcelona. Desta forma, “anestesiou” ontem (quarta-feira), os jogadores do Barça, que pensaram que os “merengues” iam jogar da mesma forma. Mas Mourinho passou aos seus comandados a táctica: pressão alta e posse de bola. Isto fez com que, na primeira parte, só existisse Real e não aparecesse qualquer Barça. No meio de tudo isto, Pepe chegou a cabecear ao poste.

A segunda parte foi diferente, com o Barcelona a voltar a impor o seu jogo, muito por culpa do cansaço dos madridistas. O famoso “tiki-taka” regressou ao relvado do Mestalla, seguido de algumas oportunidades para os “blaugrana”. Ainda assim, o Real conseguiu segurar o 0 – 0 até ao fim dos 90 minutos, em grande parte por causa da solidariedade defensiva que os “merengues” demonstraram entre si, de onde se destaca o “incansável” Di María. Veio o prolongamento e o acto final estava reservado para um jogador de classe “estelar”: Cristiano Ronaldo. O madeirense, que jogou durante quase toda a partida numa posição que não costuma ser a sua, ponta-de-lança, marcou aos 103 minutos, um golo de cabeça digno de quem anda por essa zona. O Real Madrid “português” conquistou a taça que há 18 anos não via.