O uso das redes sociais como o Twitter, Facebook e YouTube durante o horário de trabalho tem gerado dúvidas no mundo empresarial. Há quem defenda o bloqueio do acesso a essas redes dentro das empresas, afirmando que são um risco de perda de produtividade. Por outro lado, há quem acredite que permitir o seu uso traz benefícios, como aumentar as fontes de informação.

Maria Moreira, proprietária de uma empresa de consultoria e contabilidade, está prestes a tomar a decisão de proibir o acesso dos seus funcionários às redes sociais. Começou a pensar fazê-lo quando se apercebeu que “as tarefas desempenhadas pelos funcionários demoravam muito mais tempo a concluir do que era habitual”. A economista frisa que, apesar de os ter prevenido, os trabalhadores continuam a utilizar, fazendo com que esta opção seja “inevitável”.

Proprietária da empresa há onze anos, Maria considera que todas as empresas deveriam adoptar esta estratégia no sentido de aumentar a rentabilidade dos funcionários. Em relação às reacções dos funcionários, possivelmente negativas, a economista afirma não estar preocupada, uma vez que “o uso abusivo das redes sociais só demonstra desrespeito para com a empresa”, remata.

Torna-se, de facto, difícil de evitar. Os funcionários, que passam oito horas, ou até mais, no local de trabalho, querem ter acesso às redes sociais, às vezes por uma questão profissional, outas apenas por diversão. Muitas empresas optam por “cortar o mal pela raiz”, outras, pelo contrário, confiam nos colaboradores, dando-lhes livre acesso a todo a tipo de ferramentas online.

Redes sociais podem ser “distracção”, mas podem trazer “benefícios directos” à empresa

Paulo Querido, consultor em novos media e Tecnologias de Informação e Conhecimento, constata que, de facto, “a actividade nas redes sociais provoca, em muitas pessoas, estados de distracção”.

No entanto, e apesar de considerar o bloqueio uma reacção compreensível por parte das entidades superiores das empresas, o especialista entende que esta opção pode, a médio prazo, ter um custo maior.

Uma maior visibilidade da empresa e uma melhor comunicação são alguns dos benefícios que a liberação das redes pode acarretar. Paulo Querido considera que adoptar a medida contrária, nomeadamente “acarinhar os funcionários mais afoitos nas redes e fornecer-lhes o enquadramento comunicacional adequado”, pode mesmo trazer “benefícios directos” à empresa.

Assim, os media sociais podem servir de auxílio para o funcionário, que, em vez de recorrer a outro sector para resolver o problema, pode procurar a solução nas redes. A presença de funcionários na rede pode ser aproveitada para “promover, por exemplo, as marcas da empresa”.

Paulo contrapõe, assim, a ideia de que a produtividade pode baixar, afirmando que as ferramentas podem aumentá-la. “É, de resto, o que fazemos: inventamos novas ferramentas com a finalidade de aumentar a produtividade”, frisa o especialista. “O movimento de choque e recuo inicial acabará por dar lugar à tomada de consciência, abrindo a porta às etapas seguintes”, conclui.