O vaivém da NASA Endeavour faz hoje, sexta-feira, a sua última viagem orbital. O lançamento está marcado para as 20h47, hora portuguesa, no Centro Espacial Kennedy, nos EUA. O vaivém Endeavour vai permanecer no espaço durante 14 dias.

Esta experiência é pioneira na área da física, uma vez que a bordo da nave se encontra o espectómetro magnético Alpha-2 ou AMS-2. Este equipamento teve um custo total de dois mil milhões de dólares e vai ser usado com o objectivo de recolher informações sobre os raios de cósmicos, o que vai permitir estudar a antimatéria e a matéria escura.

Esta experiência com a AMS-2 teve participação de três portugueses do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP), Rui Pereira, Maria Luísa Arruda e Fernando Barão, que tiveram uma contribuição importante na produção do equipamento científico.

Ao JPN, Rui Pereira explica que o detector se baseia “num campo magnético” que tem como objectivo “detectar partículas elementares carregadas que atravessem” o espaço e perceber quais as “suas características em termos de velocidade, carga eléctrica e massa”. Este objectivo vai ser concretizado através de um “conjunto de subdetectores que estão interligados entre si e constituem, no seu conjunto, um detector AMS”. Para além disso, existe, também, um “campo magnético que faz com que as partículas tenham uma trajectória curva que ajuda a determinar as caracteristicas das particulas”, explica.

O investigador explicou, ainda, que, do ponto de vista da antimatéria, o que se pretende “é uma detecção directa”, ou seja, perceber se existem “regiões do universo, contrariamente
à região em que habitamos, que são constituídas por antimatéria e não por matéria”.

Resultados dentro de alguns meses

Já ao nível da matéria escura, pretende-se fazer uma detecção indirecta, procurando indícios da existência de partículas de matéria escura que produzam determinados efeitos no espectro das partículas” que os investigadores detectam, refere Rui Pereira.

Os resultados conseguidos pelo espectómetro magnético que vai a bordo do Endeavour podem ser conhecidos até ao final do ano.

Fernando Barão diz que os primeiros resultados “estão disponíveis alguns meses após o lançamento do detector”, que vai ser instalado na próxima segunda-feira.