O presidente norte-americano, Barack Obama, anunciou a morte de Osama bin Laden, o mentor dos atentados de 11 de Setembro de 2001, em Nova Iorque. Depois do anúncio oficial, feito a partir da Casa Branca às 23h30 locais (04h30 em Lisboa), a morte do homem mais procurado da última década foi festejada nas ruas dos Estados Unidos por centenas de cidadãos.

A busca das autoridades americanas por Osama Bin Laden começou em 2001, quando o presidente George Bush jurou vingança pelas milhares de vítimas dos atentados às Torres Gémeas, a 11 de Setembro. Depois de quase dez anos de buscas no território paquistanês, a presença de Bin Laden foi detectada numa mansão, sem telefone nem Internet, perto de Islamabad, capital do Paquistão.

A operação de captura, segundo noticia a BBC, demorou cerca de 40 minutos e foi levada a cabo por uma pequena unidade de soldados norte-americanos com um helicóptero. No entanto, o processo de recolha de informação e planeamento foi muito mais demorado. Há quatro anos, os EUA conseguiram identificar o mensageiro de Bin Laden e, em 2009, reconheceram a área em que operava. O mensageiro levou-os à casa de Islamabad, que levantou suspeitas devido às fortes medidas de segurança que apresentava e aos muros de seis metros que a rodeavam.

Preço do petróleo desce

O preço do barril de Brent caiu mais de 3%, depois de ter sido noticiada a morte de Bin Laden. Nas últimas semanas, o preço do “ouro negro” subiu consideravelmente devido à violência na Líbia e à instabilidade política nos países do Médio Oriente. Pelas 9h45 desta segunda feira, o petróleo cotava-se a 124,99 dólares, menos 0,90 dólares que no fim semana passada.

Osama Bin Laden foi o líder máximo da Al-Qaeda, organização fundamentalista islâmica à qual são atribuídos os atentados às Torres Gémeas, em Nova Iorque, e outras acções de contestação violentas. A morte de Bin Laden constitui “uma perda quase impossível de ser restituída”, explica Ivo Sobral, especialista em relações internacionais. “Podemos dizer que, neste momento, a Al Qaeda está numa fase de end game, é o fim do jogo”, diz Sobral.

Apesar da fragilidade do momento, Ivo Sobral considera que “a segurança interna dos Estados Unidos não deve ser descurada” e que a importância e simbologia do líder da Al-Qaeda no Médio Oriente poderá conduzir a uma “retaliação num futuro muito próximo”. O especialista relembra a proximidade do décimo aniversário do 11 de Setembro, considerando que é de esperar “um enorme reforço das medidas de segurança” nessa data. O que se avizinha pode trazer más notícias. “Espera-se um futuro de muito medo”, realça.

Para os Estados Unidos, como explica o especialista em relações internacionais, esta morte “é um triunfo” e, sobretudo, “o fechar de um ciclo que dominou a realidade americana durante uma década e foi responsável por duas grandes guerras”. Ivo Sobral considera que “o ataque a Bin Laden irá trazer “o fim de uma série de teorias da conspiração e motivar os norte-americanos para a construção de um futuro mais tranquilo”. A morte do líder da Al-Qaeda tem, também, implicações para a política interna dos EUA. Para Ivo Sobral, o acontecimento é “uma vitória estrondosa” do presidente Barack Obama e do Partido Democrata, e terá “um peso enorme” para a conquista do eleitorado nas eleições que se aproximam.

“Portugal também terá reforço das medidas de segurança”

O governo português felicitou, num comunicado emitido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiro, o governo norte-americano e o presidente dos EUA, Barack Obama, pelo “êxito da missão” que permitiu a morte de Bin Laden. O Governo sublinha que é o culminar de uma “longa operação de quase uma década, que exprime a determinação do povo americano e seus aliados em combater o terrorismo e o fanatismo, que tantas vítimas inocentes têm provocado”. No entanto, o comunicado resalva que “a morte de Bin Laden não representa o fim da Al-Qaeda e o desaparecimento do terrorismo”, pelo que a comunidade internacional deve continuar a luta pelos “princípios e valores de tolerância e convivência pacífica”

Ivo Sobral prevê o “reforço das medidas de segurança” nos aeroportos e zonas mais frágeis do território nacional, tendo em conta que Portugal faz parte do grupo de países “próximos dos Estados Unidos” e, portanto, “susceptíveis de sofreram retaliações”.