Pedro Santana Lopes, ex-primeiro ministro, participou ontem, quinta-feira, num dos “Grandes Debates do Regime”, na Biblioteca Almeida Garret. À margem do evento, o político comentou que a troika apresentou “algumas medidas realistas, outras utópicas ou mesmo pouco justas”. O ex-líder do PSD mencionou, inclusivé, que as medidas em relação à reestruturação dos municípios são “lunáticas ou pouco realistas”.

“Já que a troika se permitiu opinar sobre tanta matéria, porque não reduzir o número de deputados na Assembleia da República?”, interrogou-se o ex-primeiro ministro, Santana Lopes. “Isto de reduzir 20% das câmaras até 2012 e depois mais 20% até 2013, a régua e esquadro… por que não reduzir o número de deputados?”, contestou. O social-democrata falou, ainda, que, apesar de haver medidas mais ou menos “agradáveis”, estas traçam um “quadro razoável” para os portugueses.

Rui Ramos, outro dos presentes do debate, apresentou algumas reflexões no âmbito do trabalho que está a desenvolver sobre a democracia actual em Portugal com uma perspectiva histórica. O historiador explica que a actual democracia atravessa uma das fases “menos brilhantes” desde a sua criação. Embora os portugueses estejam a viver “melhor que sempre”, “empobrecem relativamente a alguns anos e, sobretudo, perderam a confiança na classe politica”, frisou. Em relação à ajuda externa feita pelo Governo, Rui Ramos refere que este perde muito tempo para corrigir desequilíbrios ocorridos há muitos anos atrás.

Já a intervenção de Garcia Leandro focou-se em comportamentos de antigos governos, entre os quais Cavaco Silva, agora Presidente da República. O general recordou as palavras do então primeiro-ministro, ao referir que “Portugal não é um país de corruptos”. No entanto, para Garcia Leandro, o presente tem vindo a demonstrar que Portugal é um “país de deslumbrados e de corruptos”.

O ciclo de debates, promovido pela Câmara Municipal do Porto (CMP), iniciou-se em Março deste ano e termina em Abril de 2012. O presidente da CMP, Rui Rio, entende que, na altura de “fragilidade” em que se encontra Portugal, estas conferências permitem aos participantes conhecerem mais acerca do regime.