As dificuldades do dia-a-dia podem ser desgastantes e rir nem sempre parece fácil. Para enfrentarem os problemas diários com um sorriso, muitos são os que procuram a Terapia do Riso.

O Saber & Sorrir foi criado em 2006, em Chaves, por Maíra Diniz, mas só depois de se ter mudado para o Porto é que esta psicóloga começou a dedicar-se ao projecto que tem como objectivo ajudar no crescimento pessoal, fazendo o riso parte da caminhada necessária.

A fundadora lembra que “todos sorrimos desde muito pequenos”, e que, por isso, “é uma coisa natural sorrir, ser feliz, parar para pensar”. Mas, para Maíra Diniz, as pessoas esquecem-se “um pouco de que merecem ser felizes e habituam-se a viver com queixas, críticas, dificuldades atrás de dificuldades”. “No entanto, a felicidade faz parte de nós”, relembra. Por isso, decidiu incorporar no projecto Saber & Sorrir a Terapia do Riso, pois rir pode ser a cura de muitos males.

Terapia do Riso: exercícios para soltar a criança dentro de cada um

Este tipo de terapia consiste num “conjunto de dinâmicas de grupo com uma sequência”, explica Maíra Diniz, que passam por “momentos de descontracção, em que as pessoas ficam mais à vontade”, e alongamentos numa fase inicial, uma vez que o riso “exige que se mova os músculos do corpo e fica-se, até, com dores de barriga de tanto se rir”. Além disso, refere que a “questão da respiração” também é trabalhada. O objectivo é que, ao participarem numa sessão, as pessoas fiquem descontraídas e estejam “de forma mais natural, sendo mais elas próprias”.

A fundadora refere que os participantes que procuram sorrir estão “um pouco reticentes numa fase inicial”. “Há um riso que surge por nervosismo, que é uma reacção natural”, mas que depois ajuda “porque as pessoas acabam por se rir”, conta. E, à medida que a hora dedicada ao riso vai passando e se jogam os vários “jogos”, as pessoas “esquecem-se socialmente de quem são, tiram estas máscaras sociais que todos têm e deixam fluir a criança que existe no seu interior”, explica a criadora do Saber & Sorrir. Alguns dos exercícios da Terapia do Riso consistem em simples actividades como encher balões ou fazer um desenho. “Há um reflexo automático de felicidade por recordar aquilo que era tão bom no passado ou na sua infância e que deixaram, entretanto, de fazer”.

Para terminar, “faz-se sempre um relaxamento. Um momento de maior descontracção para que as pessoas saiam mais optimistas, mais felizes, porque há uma descarga de hormonas no nosso organismo”. E Maíra Diniz garante que “é um efeito que se prolonga”.

A terapia é feita em grupo, o que Maíra Diniz considera ser fundamental, pois “o riso é contagiante”. Mas, apesar ser uma experiência colectiva, a fundadora explica que se vai muito mais longe e os participantes acabam por “olhar para eles mesmos, a focarem-se neles próprios”. “Estamos a conhecermo-nos melhor”, enfatiza Maíra Diniz, “e isso contribui para o nosso dia-a-dia”, refere.

O riso como linguagem universal

Rir é um acto comum a todas pessoas, de todas as idades, religiões e etnias. Assim, “todos podem usufruir” da terapia do riso e dos seus efeitos, “desde crianças a idosos”, afirma Maíra Diniz. “Já fizemos eventos em lares da terceira idade e correu muito bem. Há uma entrega muito grande”, conta.

A psicóloga e fundadora da Saber & Sorrir explica que algumas das pessoas que fazem a terapia do riso “nunca dão gargalhadas”, mas sorriem e, quando isso acontece, “já há no organismo a libertação das hormonas da felicidade, o que vai permitir um bem-estar”. E quem experimenta, sente os efeitos que uma boa gargalhada pode ter. “As pessoas dizem-nos que saem mais leves”, revela.Por isso, Maíra Diniz acredita que a Terapia do Riso pode ser “utilizada como algo preventivo nas chamadas profissões de risco, como médicos, professores e os próprios desempregados”.

Durante cerca de uma hora, rir é o remédio que muitos procuram para se esquecerem dos problemas do dia-a-dia. “Há toda uma melhoria dos sistemas psicológico e físico”. Por isso, a responsável explica que, apesar de “as pessoas ainda não terem consciência”, frequentar a terapia do riso é um bom complemento, “como quem vai ao ginásio uma ou duas vezes por semana”. Pode ser, até, uma boa alternativa às visitas ao psicólogo ou ao médico.

Esta opção saudável é, para Maíra Diniz, eficaz porque, “quando se ri, é impossível pensar nos problemas”. “Quando desviamos o foco do pensamento do problema, a nossa imaginação flui de uma forma diferente”, refere, garantindo que “há uma actividade maior da nossa imaginação e criatividade e isso ajuda, muitas vezes, na resolução das dificuldades da nossa vida”. E assim, Maíra Diniz garante que “rir é, sem dúvida, o melhor remédio”.