Para já, os valores são meramente indicativos e têm em conta as verbas que os partidos estimam gastar e receber na campanha para as próximas eleições legislativas. Porém, os orçamentos entregues pelos partidos no Tribunal Constitucional contrariam aquilo que os respectivos dirigentes tinham anunciado. Afinal, vai haver cartazes, brindes e milhares de euros gastos em comícios e propaganda.

Mesmo em tempo de crise e de contenção orçamental, os partidos com assento parlamentar não abdicam da subvenção pública. Recorde-se que a subvenção pública é atribuída em função do número de votos, sendo que as campanhas eleitorais não podem dar lucro. Daí que, a partir do que cada partido estima receber de subvenção do Estado, é possível ter uma ideia das expectativas eleitorais.

No total, os partidos estimam gastar mais de 6,7 milhões de euros, dos quais cerca de 6,1 milhões de euros são subvencionados pelo Estado. Estes valores correspondem a uma redução de quase 50% em relação ao que foi gasto na campanha de 2009.

PS é o que mais vai gastar na campanha eleitoral

No orçamento entregue ao Tribunal Constitucional, a campanha eleitoral do PS é orçamentada em cerca de 2,2 milhões de euros, enquanto a do Partido Social-Democrata (PSD) não chega aos dois milhões de euros. Fonte oficial do PS afirma ao JPN que, em relação às últimas legislativas, “há uma redução de praticamente 60% na despesa”. Enquanto que em 2009 o PS entregou um orçamento de 5,54 milhões de euros, este ano prevê uma despesa entre dois e 2,2 milhões de euros, dos quais quase 900 mil euros serão gastos em comícios e espectáculos

O PS espera receber do Estado dois milhões de euros, sendo que as contas do partido se baseiam no resultado obtido nas últimas eleições, uma vitória de 38,5%, segundo confirmou a fonte oficial do PS.

PSD gasta tanto em comícios como o CDS no total da campanha

Tal como o PS, a segunda maior fatia do orçamento do PSD (quase dois milhões de euros) destina-se a propaganda, comunicação impressa e digital.

Os principais gastos dos sociais-democratas são em comícios e espectáculos (700 mil euros). O PSD vai gastar tanto em comícios e espectáculos quanto o CDS-PP no total da sua campanha. Nas últimas eleições, o PSD gastou 3,34 milhões de euros, mas por não recorrer a outdoors, deverá poupar agora entre 1,5 a dois milhões de euros.

Os 700 mil euros que os populares prevêem gastar vão ser subvencionados na totalidade pelo Estado, sendo que a maioria (250 mil euros) será gasto na concepção da campanha, agências de comunicação e estudos de mercado.

Também o orçamento do Bloco de Esquerda (BE) pouco ultrapassa os 700 mil euros, menos 294 mil euros do que nas últimas legislativas. Os maiores gastos do BE serão com propaganda, comunicação impressa e digital.

A coligação CDU (PCP e PEV) tem um orçamento que ronda os 995 mil euros, menos um milhão de euros do que o orçamento de 2009, sendo metade despendido em publicidade, comunicação digital e impressa. A título de curiosidade saliente-se o facto de a CDU gastar tanto (50 mil euros) em comícios como em brindes.

Partidos mais pequenos contidos nas despesas

Sete partidos dos 16 que entregaram orçamento (POUS, PDA, PNR, MPT, PH, MEP, PPV, PAN) prescindiram da subvenção estatal, o que significa que não contam chegar aos 50 mil votos necessários para receberem o subsídio do Estado.

Uma das excepções é o Partido da Nova Democracia (PND), cujo orçamento se aproxima dos dez mil euros, sendo que prevê que metade do dinheiro seja proveniente da subvenção estatal.

O Partido Nacional Renovador (PNR) é o partido com menor orçamento. Dos 1.700 euros, quase 90% vão ser gastos em tempo de antena e não constam fundos previstos para cartazes e panfletos. Orçamento parecido tem o Portugal Pró-Vida (PPV), que vai gastar dois mil euros.

Estreante em eleições é o Partido pelos Animais e pela Natureza (PAN). Na primeira vez que concorre vai despender nove mil euros na campanha eleitoral, entre propaganda, comunicação, comícios e brindes.

São poucos os partidos que recorrem a angariações de fundos para subvencionar as suas campanhas. O PCTP/MRPP é uma excepção. Dos partidos com menor peso político, é aquele com maior orçamento, pretendendo gastar 80 mil euros, dos quais cinco mil provêm de angariações de fundos.

O Partido Democrático do Atlântico (PDA) antevê 40 mil euros de gastos, tanto como os orçamentos do Partido Popular Monárquico (18 mil euros), do Partido Operário de Unidade Socialista (quase dois mil euros) e do MPT – Partido da Terra (20 mil euros) juntos.

O Movimento Esperança Portugal (MEP) pretende gastar cerca de dez mil euros, o dobro do orçamento do Partido Humanista (PH), cujo orçamento ronda os cinco mil euros, sendo a maioria destinados a material de campanha, incluindo brindes.

Somando os orçamentos de todos estes partidos considerados menos representativos, o total não atinge os 200 mil euros. Isto é, os gastos destes 11 partidos representam apenas 10% do orçamento do PSD.

É ainda de destacar que o Partido Liberal Democrata e o Partido Trabalhista Português não entregaram orçamento no Tribunal Constitucional.