Daniel tem 11 anos e já tem um perfil no Facebook. Sem a idade mínima exigida por lei, o pequeno “facebookiano” conseguiu ter acesso à rede social porque não revelou a sua “verdadeira identidade”, um comportamento cada vez mais frequente nas crianças. Daniel faz parte do conjunto de crianças que conhece alguns riscos associados às redes sociais. “Não se deve revelar a morada, o número de telefone, ou qualquer outra informação que possa prejudicar-nos”, enumera.
Embora as crianças tenham aptidão para as novas tecnologias, “ainda existem algumas lacunas em relação ao conhecimento de certos tipos de riscos que envolvem as crianças mais novas”, revela o estudo “EU Kids Online” [PDF]. “Alguns miúdos não sabem o que são as suas definições de privacidade” (o estudo mostra que 44% das crianças inquiridas não sabe mudar os parâmetros de privacidade) e, por isso, têm o seu perfil definido como público, dizendo, assim, “a morada ou a escola que frequentam”, explica Cristina Ponte, responsável pelo estudo em Portugal.
“As crianças estão expostas ao mesmo tipo de riscos a que estão os adultos, só que com maior vulnerabilidade”, explica Tito Morais do projecto MiúdosSegurosNa.Net. “Conteúdos (pornografia), contactos (encontros com estranhos), comércio (publicidade), comportamentos online e direitos de autor” são apenas alguns dos perigos que Tito Morais considera existirem na web.
Para o responsável, “a segurança online de crianças e jovens é como uma cadeira de quatro pernas: precisa de ter quatro pilares sobre os quais se apoiar”. Os pilares são “abordagens regulamentares, parentais, educacionais e tecnológicas”. Neste sentido, falar, o mais cedo possível, com os miúdos sobre as redes sociais poderia ser o primeiro passo para haver “mecanismos de auto-protecção” entre as crianças.
Está em causa uma “educação para as redes sociais” que “capacite as crianças e os pais, assim como as indústrias, que também têm aqui responsabilidade”, defende Cristina Ponte. “Uma das coisas que é preciso trabalhar com as crianças é os cuidados a ter no adicionar dos amigos, na colocação de informação pessoal no perfil, e quando isto é feito, verifica-se que as crianças são bastantes cuidadosas”, acrescenta. “Ter um perfil numa rede social não é uma coisa necessariamente negativa se a criança souber regras para se proteger”, remata Cristina Ponte.