O comércio de drogas na Internet, com nomes inócuos como “sais de banho”, “alimentos vegetais” ou “onda de marfim”, está a aumentar, permitindo que traficantes de drogas ampliem os seus lucros através das vendas de substâncias psicotrópicas a jovens de todo o Mundo. Este é um fenómeno que o Órgão Internacional de Controlo de Estupefacientes (OICE) tem tentado travar.

A preocupação perante este fenómeno foi manifestada por Melvyn Levitsky, professor de Política Internacional e Prática na Universidade de Michigan e membro do OICE, ao afirmar que estas drogas “estão disponíveis e são muito poderosas”, durante a apresentação do relatório anual da OICE em conferência de imprensa, realizada em Março.

Estatísticas da OICE

Uma farmácia ilegal na Internet realiza, em média, 400 operações de venda por dia. Este facto, associado aos elevados preços praticados, demonstra que estas empresas têm capacidade de rivalizar comercialmente com as farmácias tradicionais. Nos países da União Europeia, cerca de 15% dos estudantes de 15 anos consomem haxixe mais de 40 vezes por ano. O haxixe continua a ser a substância mais consumida, sobretudo em países como França, Irlanda, República Checa, Reino Unido e Suíça.

Estas drogas, que estão a matar pessoas em países da Europa e do Sudoeste Asiático, são produzidas pela alteração da estrutura molecular das substâncias ilegais de modo a criar produtos legais que têm os mesmos efeitos estimulantes que a cocaína, metanfetamina e ecstasy.

Apesar dos esforços através da categorização das drogas e da adopção de medidas de controlo, a lei continua a ser contornada pelos traficantes de drogas online. “Os governos têm adoptado medidas de controlo para prevenir o tráfego e o abuso. Contudo, os fabricantes contornam a lei ao modificar a estrutura de cada droga, o que dificulta o trabalho dos governos”, destacou Melvyn Levitsky.

O relatório da OICE realça a facilidade com que é possível adquirir, via Internet, substâncias ilícitas, uma vez que a compra de metadona e codeína – muito consumidas por toxicodependentes -, estimulantes e analgésicos pode ser feita sem necessidade de qualquer tipo de identificação.

Embora as “ciberfarmácias” possam estabelecer-se em qualquer país, é nos Estados Unidos que está sediado o maior número de empresas deste tipo, abastecidas com estupefacientes provenientes das Caraíbas e do México. O relatório adianta que a Holanda é o país europeu onde operam mais farmácias online.

Entre os perigos enunciados pelo relatório referente ao comércio de estupefacientes na Internet, contam-se o anonimato, que permite aquisições sem protecção a crianças e jovens, e a tendência para a fraude.

Para além das vendas ilícitas online, o OICE manifesta-se, também, preocupado com o aumento, à escala global, do contrabando de drogas por via postal, e reconhece que é impossível controlar todo o correio que circula de forma permanente.

No entanto, e face às quantidades de cocaína apreendidas e ao um aumento do consumo desta droga, a OICE recomenda que os governos nacionais e os organismos internacionais tenham em conta a importância do comércio ilícito de drogas e favoreçam a adopção de culturas alternativas. Para tal, a OICE considera que devem ser apoiadas as regiões e as populações que dêem o passo de substituir por legais as culturas agora ilegalmente praticadas.