Em conferência de imprensa sobre o plano de ajuda externa para a área da educação, João Dias da Silva, secretário-geral da Federação Nacional da Educação (FNE), começou por apontar a “ineficácia das medidas tomadas” até agora, por se revelarem “insuficientes” ou por não estarem a ser “devidamente concretizadas”. Cometeram-se “erros políticos nacionais” e foi a resposta hesitante da União Europeia que fez com que se chegasse a esta situação, afirma.

A FNE considera que o agora conhecido memorando dos responsáveis do Fundo Monetário Internacional (FMI), da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu, relativamente à área da educação, tem um “carácter vago e impreciso”, que “suscita múltiplas dúvidas” e “legítimas preocupações”. João Dias da Silva afirma, ainda, que a forma como as questões estão apresentadas deixa ao futuro governo “margens de operacionalização que são evidentes”.

O secretário-geral da FNE sublinha que a qualidade da educação “não pode ser posta em causa”, pelo seu carácter estratégico para o desenvolvimento. Qualquer “redução nos meios de qualidade da educação e formação” terá “facturas muito pesadas a pagar no futuro”, afirma, acrescentando que “a autonomia das escolas é algo que a FNE sempre defendeu”, mas “não quando os critérios são os de meros cortes orçamentais”.

Quanto à possibilidade de redução do número de professores e consequente aumento de alunos por turma, João Dias da Silva afirma que as escolas têm de ter “recursos humanos suficientes” e que a “resposta educativa não pode ser massificada”.

A FNE tem apresentado aos partidos políticos o “roteiro para a legislatura 2011-2015“, um “contributo para as mudanças” que consideram “essenciais para a educação”. A federação garante que vai estar “vigilante em relação ao próximo governo”, para se “bater de forma inequívoca e clara” por “uma educação de qualidade que respeite e dignifique os trabalhadores do sector”.