Mário Dorminski defende que, hoje em dia, “já não há cultura pura”. “Isso é algo do passado. Hoje falamos em indústria e comércio”, diz. O fundador do Fantasporto esteve esta segunda-feira nas instalações do curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto, onde destacou a necessidade de o sector cultural apostar na gestão para se tornar rentável.

A cultura só sobrevive se os produtos culturais tiverem uma imagem forte. Numa lógica de marketing, há que “aproveitar as marcas para conseguir transmitir algo de positivo para as pessoas”. Tudo isto implica, segundo Dorminski, uma forte estrutura empresarial e organizativa, capaz de alcançar rentabilidade, através de receitas directas, receitas do Estado e receitas do privado.

Recorrendo ao exemplo do Fantasporto, Mário Dorminski salientou que o festival tem um departamento internacional, um departamento de contabilidade e um departamento de projecto. Um exemplo que está de acordo com o seu pensamento. “Há cerca de 20 anos já eu falava da indústria da cultura e fui criticado. Agora, tudo o que se fala de cultura está relacionado com indústrias criativas”, comentou.

Nesta lógica de gestão, Dorminski enquadra a comunicação, campo para o qual, no Fantasporto, está destacada uma grande equipa. Refira-se com maior enfoque a questão do Facebook, plataforma de comunicação que, nos últimos dois anos, “alterou o público do Fantasporto”. Começou a atingir-se um público entre os 15 e os 25 anos que, segundo o seu fundador, interessa ao Fantasporto, que quer assumir um papel de “espaço de formação”.

Francisco Mário Dorminski de Carvalho, director da cooperativa Cinema Novo desde 1978 e responsável pelo Festival de Cinema Fantasporto, foi orador convidado pelos docentes de Seminário Políticas de Mediação Cultural, do Mestrado em Ciências da Comunicação da Universidade do Porto.