A venda de drogas legais é um comércio que ganha cada vez mais força na Europa e Portugal não é excepção. Portugal já conta com oito smartshops que exploram as zonas mais “sombrias” da lei portuguesa.

Euphoria” e “Little Amsterdam” são duas smartshops da cidade do Porto que deixam à imaginação dos clientes o que se pode encontrar dentro delas. Nelas tem-se acesso a produtos para gozo ou recreação, para acalmar ou para ganhar energia, para fugir à realidade e até para combater dores físicas. Algumas delas, aliás, são utilizadas pelo Homem desde tempos antigos, como é o caso da “Salvia Divinorum“, uma planta originária da Sierra Mazateca, no México, e utilizada desde sempre pelos curandeiros locais.

Nas smartshops estão à venda apenas drogas naturais, sem influência de qualquer processo químico. São todas legais, uma vez que não constam da listagem de produtos proibidos anexa à Lei 15/93. “Estas lojas são legais já que as substâncias vendidas apresentam algumas diferenças quanto à molécula a partir da qual foi criada e, como tal, não se encontram no quadro das drogas ilegais”, declarou ao JPN Luís Vasconcelos do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT).

Curiosidades

Nos Países Baixos, a coffeeshop é um estabelecimento de venda e consumo de produtos feitos com cannabis e substâncias similares, tolerados e permitidos dentro das coffeeshops devidamente licenciados. Uma smartshop é um estabelecimento especializado na venda de substâncias psicoactivas. O nome deriva de “smart drugs” (drogas inteligentes), destinadas a provocar melhorias cognitivas.

A “Little Amsterdam Smart & Coffeeshop” é a smartshop portuguesa mais recente, aberta desde Dezembro de 2010, que aposta num modelo de negócio pioneiro que conjuga não só a vertente smartshop , aberta a consumidores adultos e cujo ambiente se assemelha a um ervanário, como também a zona de coffeeshop, onde se pode fumar – desde que se seja sócio, destaca o seu proprietário Vítor Lopes.

Para Marcelo Sousa e Daniel Korkes, proprietários da “Euphoria Smartshop” há cerca de um ano, o mais importante é disponibilizar às pessoas um espaço seguro onde podem encontrar toda a informação necessária sobre os produtos que oferecem. “Se eu quiser o respeito do meu cliente dou a informação e a partir daí ele vai saber se quer aquele produto ou não”, destaca Marcelo Sousa.

Produtos para todos

Tanto a “Little Amsterdam” como a “Euphoria” recebem, diariamente, um público bastante diversificado que vai desde os 18 aos 60 anos. Contudo, Manuel Sousa salienta que “é proibida a entrada a menores de 18 anos”, através de uma norma estipulada pelo proprietário para evitar a venda de alucinogénicos aos mais jovens.

Nestas smartshops encontra-se todo o tipo de produtos, desde substitutos da “Cannabis“, produtos afrodisíacos, substitutos do Ecstasy (MD), produtos alucinogénicos como o cogumelo, e a “Salvia Divinorum”. “Todos estes produtos têm em si a bula e também os nossos funcionários são formados para dar informações aos clientes”, destaca Marcelo Sousa.

Os preços variam entre os 3.50 e os 40 euros, dependendo das quantidades e do tipo de produto que o cliente comprar. Quanto aos produtos mais procurados, Vítor Lopes conta que “as pessoas procuram essencialmente substitutos de ervas e de cocaína”.

“O nome droga, em si, é que é pesado”

No que diz respeito ao processo de aceitação, o início de funcionamento destas lojas não foi fácil. A introdução deste novo conceito comercial causou algum desconforto em alguns residentes e comerciantes da zona. “Alguns vizinhos não gostaram, mas acabaram por entender. Não temos mau ambiente nem problemas à porta”, refere Vítor Lopes.

Marcelo Sousa lembra que foi bem recebido pelos portuenses e que a sua loja é vista como “algo positivo”. O proprietário destaca que “as smartshops foram melhor aceites do que as sexshops quando abriram”. A chave para a aceitação estará na consciencialização das pessoas e na procura de mais informação. “A partir do momento em que as pessoas tenham mais informação, não só sobre droga, acho que vão estar mais conscientes. O nome droga, em si, é que é pesado”,afirma.

Segurança da compra

Vítor Lopes e Marcelo Sousa destacam que a compra deste tipo de substância é mais segura nas smartshops do que na rua, porque os clientes têm sempre a garantia daquilo que estão a comprar. “As pessoas procuram este tipo de loja porque se sentem mais seguras. Lá fora não há informação, não se sabe o que se está a levar”, defende Marcelo Sousa.

Paulo (nome fictício), cliente da “Euphoria Smartshop” destaca a “segurança, visto que as pessoas não necessitam de recorrer ao mercado negro e, muitas vezes, é isso que pode trazer algumas complicações e riscos”.