O Instituto Nacional de Estatística (INE) revela, no estudo “Retrato Territorial de Portugal 2009”, a forte tendência de diminuição da população de nacionalidade portuguesa em Portugal. No estudo do INE pode ler-se que, “entre 2000 e 2009, em metade dos municípios do país, a densidade populacional reduziu-se. Os casos mais significativos são os dos centros metropolitanos de Lisboa e Porto”.

Portugal encontra-se, agora, numa “fase centrífuga” em que os trabalhadores urbanos tendem a residir na periferia das grandes cidades. “Os centros metropolitanos viram a densidade populacional reduzir-se, tendo-se passado, em geral, o inverso nos municípios que os circundam. Além deste fenómeno metropolitano, é visível um reforço da densidade populacional no Litoral continental e um enfraquecimento no Interior”, conclui o Instituto Nacional de Estatística.

O número de imigrantes que chegam a Portugal vem contrariar esta tendência. Entre 2000 e 2009, a população residente em Portugal aumentou cerca de 3,7%, valor este que é proveniente, sobretudo, do movimento migratório (3,5%).

Preocupantes são os dados relativos ao envelhecimento da população. A capacidade de renovação da população em idade activa revela-se comprometida. Segundo o INE “à luz dos índices de envelhecimento e de longevidade, o envelhecimento populacional afigurava-se mais intenso no Interior continental, sobretudo Norte e Centro. Os dados sugerem que esta dicotomia se reforçou ao longo da última década.”

O INE explica, ainda, que “a tendência demográfica de envelhecimento tem impacto em vários planos da vida social, como é o caso do sistema de protecção social e do mercado de trabalho”, podendo, assim, comprometer “a renovação da força de trabalho nos territórios onde esse efectivo é insuficiente para responder aos desafios da procura de trabalho por parte das empresas.” Os dados do “Retrato Territorial de Portugal 2009” mostram que 82 municípios têm um índice negativo de população em idade activa, problema que afecta concelhos como Lisboa, Porto, Vila Nova de Gaia e Coimbra.

A recorrente tendência do adiamento da maternidade está retratada no estudo estatístico. Segundo o INE, “a queda acentuada da fecundidade que se tem vindo a registar globalmente no território nacional encontra-se a par da tendência de adiamento da fecundidade”. Em Portugal, a parentalidade tende a ser adiada para mais tarde “e tal tem directamente impacto no momento em que este evento acontece ao longo do período feminino de fertilidade, reflectindo-se num potencial aumento da maternidade tardia.”