Se se pensava que a comunidade do bairro da Fontinha, no Porto, iria ficar enfraquecida com o encerramento do edifício em que funcionavam as actividades do Es.Col.A (Espaço Colectivo Autogestionado), o final da tarde desta terça-feira comprovou o contrário.

Após o episódio da manhã, que culminou no despejo, pela Câmara do Porto, do grupo de voluntários que promoviam as actividades do Es.Col.A, foi marcada uma assembleia para as 18h30, com o objectivo de debater ideias entre todos os interessados na recuperação do projecto e do edifício. Contudo, o fecho das instalações não parece ter sido suficiente para dividir e diminuir os adeptos do movimento, já que outro lugar foi encontrado para reunir todas as pessoas: o conhecido Largo da Fontinha.

Mais ainda, as vozes (e não só, também tambores) não se calaram e, perto da hora marcada, anunciavam para quem não soubesse, o horário da assembleia. Enquanto o debate não começava, alguns dos voluntários do Es.Col.A já se reuniam, mas em número que nada se compara àquele registado já com a assembleia em andamento. A ordem de trabalhos era conhecida: expor aquilo que se passara de parte de manhã e arranjar soluções para o que se faria “amanhã”, no futuro do Es.Col.A.

Desta forma, um dos voluntários do projecto moderava a assembleia e, ao mesmo tempo, dava voz a quem quisesse apresentar soluções para o fecho da ex-escola primária da Fontinha. Neste aspecto, não participaram apenas os impulsionadores do movimento, mas verificou-se também uma grande adesão dos moradores da comunidade, que não perderam tempo para partilhar as suas opiniões. Várias ideias surgiram, tais como a organização de um dossier jurídico, que permita legalizar o Es.Col.A, a apresentação de uma queixa judicial, derivado da forma como o despejo dos voluntários se procedeu ou a própria reocupação do edifício encerrado.

Uma das ideias mais “sonantes” veio de José Lino, morador da Fontinha há mais de cinquenta anos que, além da intervenção que arrancou aplausos, propôs alertar personalidades conhecidas para a questão. Tudo isto para que, segunda-feira, 16 de Maio, na Assembleia Municipal do Porto, essas mesmas personalidades apoiassem o movimento em frente à Câmara e fizessem algo de diferente. José Lino sugeriu abordar o assunto pela via humorística, o que o fez lembrar-se dos “Gato Fedorento” e também da oficina de introdução ao Clown, uma das actividades promovidas pelo Es.Col.A. Mais tarde, o morador explicou melhor ao JPN o que queria dizer.

Com efeito, a contestação a Rui Rio e ao seu executivo era uma das opiniões que mais consenso reunia, tendo em conta que, segundo várias pessoas, o político tinha acabado de “encerrar” um projecto de revitalização para a comunidade. José Lino, mais uma vez, era o rosto dessa opinião.

No fim, feitas as votações, ficou decidido que a acção mais próxima no tempo será a presença de vários defensores do Es.Col.A na Assembleia Municipal do Porto, quer no seu interior, quer no seu exterior, para que fique patente a luta pelo projecto. Mas não só. Nuno Sérgio, um dos voluntários do grupo, revelou o que mais foi decidido. De tudo o que se passou, fica uma certeza: o Largo da Fontinha ganhou um significado especial.