Desde o acidente na central Fukushima, no Japão, têm ocorrido algumas manifestações contra as centrais nucleares. A última aconteceu em Espanha no passado dia 8 de Maio, exigindo o fim desta energia e o encerramento das centrais nucleares existentes no país.
Júlio Montalvão e Silva, presidente do Instituto Tecnológico e Nuclear (ITN), considera que as manifestações anti-nuclear ocorrem “sempre que se dão notícias de acidentes em centrais nucleares e são fruto de uma enorme falta de informação”.
Para o presidente do ITN, “a energia nuclear é uma das mais limpas, considerando a emissão de gases de estufa”. Júlio Silva afirma que não é nem “a favor nem contra o nuclear”. No entanto, entende que é preciso um espaço para “uma avaliação honesta dos riscos e das necessidades” da energia nuclear em comparação com todas as outras fontes de energia.
A “fome por energia tem crescido fortemente ao longo dos anos e não tem havido maneira de a saciar senão recorrendo a um crescente aumento de centrais de qualquer tipo”, realça o presidente do ITN. Montalvão e Silva diz que, se for possível evitar o nuclear, “evite-se de forma consciente e informada”, mas também questiona se aparecerá uma alternativa viável. Na sua opinião, nos próximos 30 a 40 anos não existirão meios para evitar este tipo de energia.
As centrais nucleares têm “como todo e qualquer meio tecnológico inventado pelo homem os seus perigos” que acontecem da libertação de radiações para atmosfera ou para o solo. As doses elevadas de radiações podem matar a curto prazo, assim como a longo provocar doenças de foro oncológico. A deposição no solo ou na água de elementos radioactivos com elevada radioactividade podem afectar nocivamente as cadeias alimentares.
Por estas razões, Júlio Montalvão e Silva defende a continuidade da “monitorização regular” por parte dos países. Contudo, a energia nuclear em doses baixas pode ter vantagens como a proliferação de meios de diagnóstico e de tratamento nos hospitais e várias utilizações na indústria.
Acidente em centrais nucleares espanholas não afectaria Portugal
Para o presidente do ITN, “Fukushima despoletou esta recente movimentação anti-nuclear”, mas não se deve esquecer que “o acidente resultou de um sismo de magnitude extremamente elevada”. Movimentos como a manifestação espanhola só fazem sentido, para Júlio Montalvão e Silva, por “alertarem os responsáveis para a necessidade de, continuamente, aumentar a segurança das instalações”.
Um acidente grave numa das centrais nucleares em Espanha resultaria “na pior das hipóteses, em emissão de poluentes gasosos ou fuga de poluentes líquidos” para o território português. O especialista afasta a hipótese de um possível movimento como a manifestação espanhola em Portugal porque o país não possui centrais nucleares e as “actuais preocupações estão muito longe dessas”.