O Governo Civil do Porto e o Comando Distrital de Operações de Socorro apresentaram, esta segunda-feira, o Plano Distrital de Combate aos Incêndios Florestais. O governador civil do Porto, Fernando Moreira, marcou presença na apresentação para deixar uma mensagem de tranquilidade à população, a par de um forte apelo à consciência dos cidadãos de forma a “ajudarem os soldados da paz”.
Apesar das verbas terem sido reduzidas, o Governo Civil apostou no reforço das campanhas de sensibilização, com a distribuição de cerca de 500 mil folhetos e, ainda, um esforço financeiro de cerca de 25 mil euros na reabilitação dos postos de vigia.
Fernando Moreira acredita que a redução de 2% em recursos humanos “não foi significativa”, até porque “não vale a pena derramar dinheiro sobre o dispositivo de combate enquanto as pessoas não mudarem de comportamento”.
Para além disso, “os cortes impostos pela situação do país” foram aplicados nos períodos antes e depois da época de Verão, de forma a não afectar o segmento de 1 de Julho a 30 de Setembro, altura em que se vão manter os mesmos meios de anos anteriores. Nesta fase, os recursos humanos correspondem a 448 pessoas por ser “a mais perigosa”, esclarece.
O maior problema é o “factor humano”
O comandante distrital de Operações de Socorro, Teixeira Leite, também esteve presente na apresentação e fez um alerta à população referindo que “a principal dor de cabeça é o uso negligente do fogo por parte dos cidadãos”.
O distrito do Porto representa um terço dos fogos a nível nacional, para os quais “a explicação é o factor humano”, sendo necessário “combater este flagelo”, remata. Ainda assim, o número de fogos decresceu 10% face a 2010, bem como a área ardida, que diminui 15%.
Apesar da fragilidade do distrito ser o elevado número de incêndios, o “ponto forte é o número de corporações de bombeiros”, explica o comandante. A prioridade definida pela Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) é o “ataque inicial, com um combate imediato, musculado e em triangulação”.
É em Portugal que ocorre um terço dos incêndios do Sul da Europa, sendo que num total de cerca de um milhão e 500 mil incêndios, 545 mil ocorrem em Portugal. Em França, por exemplo, dão-se cerca de 4 mil e 900 incêndios por ano, enquanto o número de incêndios anuais em Portugal ronda os 22 mil, desfasamentos que Teixeira Leite define como “colossais”.
Nas estratégias adoptadas para este ano surgem duas novidades com vista a “melhorar face ao ano passado”: criar postos de comando por distrito para incêndios de maiores dimensões e gerar três agrupamentos englobando seis distritos cada um. Tal como o governador civil, também Teixeira Leite frisou várias vezes a necessidade de consciencialização dos cidadãos e de evitar comportamentos de risco, realçando, ainda, a importância das chamadas para o 117.
No final da apresentação, o governador civil do Porto entregou a Teixeira Leite uma câmara térmica, que é utilizada no rescaldo dos incêndios e em acções de salvamento e combate. Ao assinar o acordo de transmissão, Fernando Moreira afirmou que a entrega “é feita com muito prazer, no sentido de ajudar a que tenham uma acção mais eficaz”. A câmara mede a temperatura do solo depois do incêndios, avaliando a probabilidade de reacendimento.