A Direcção-Regional de Cultura do Norte (DRC-N), em dez dias úteis, recebeu e aprovou o projecto de arquitectura da requalificação do Mercado do Bom Sucesso. O documento, que deu entrada na DRC-N a 5 de Abril, obteve um parecer positivo do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) a 19, permitindo a implementação do conceito da empresa Mercado Urbano no Mercado Bom Sucesso. O fecho do Mercado está previsto para 25 de Maio.

Paula Sequeiros, fundadora do Movimento Mercado Bom Sucesso Vivo!, conta ao JPN que têm a noção de que “desde o início que este processo está cheio de zonas sombrias e mesmo muito escuras”, dado que a responsável pela DRC-N, Paula Silva, declarou à imprensa, na passada quinta-feira, que ainda não tinha recebido o projecto e rectificou o erro esta segunda-feira, designando-o de “lapso”.

“O Mercado precisou de muitos meses para ser declarado edifício de interesse nacional, mas para o destruir bastaram uns dias úteis”, afirma, revoltada, Paula Sequeiros. A impulsionadora do movimento está, no entanto, satisfeita com o apoio que é crescente “entre a população agora que o projeto é conhecido”.

Prova disso é o Manifesto dos Agentes culturais, um movimento assinado por agentes e produtores de cultura para a cidade do Porto, que conta com nomes como o actor António Capelo, o cantor Pedro Abrunhosa e o arquitecto Mário João Mesquita, que acreditam que a cultura de uma cidade se faz “de pequenas e grandes coisas na sua vida” e que o Bom Sucesso permite “a salvaguarda do património arquitectónico mas também de protecção do comércio de proximidade, sustentável e mais humano”.

As 17 personalidades que assinaram o manifesto, divulgado pelo Movimento Bom Sucesso Vivo!, defendem que o Mercado “deverá ser revitalizado, dinamizado com possíveis actividades complementares à sua função, mas preservando a sua identidade de mercado e de edifício público, de bem patrimonial cultural e humano” da cidade.

“Não perdemos motivação, pelo contrário”

Apesar de tudo, os impulsionadores do movimento Mercado Bom Sucesso Vivo! garantem que a manifestação, marcada para esta quinta-feira, não está em causa. Aliás, “se o organismo competente não cumpre a sua missão, mais força tem de ter a mobilização social na defesa desta causa”, frisa Paula. A organização continua, por isso, a apelar à presença de todos no protesto de quinta-feira, às 17h00, em frente ao edifício.

A transformação prevê tornar o Mercado do Bom Sucesso num edifício constituído por um hotel de 83 quartos, uma area de comércio e serviços om 16 lojas exteriores e 23 interiores e um Mercado modernizado com 44 bancas.
A maior parte dos comerciantes já tinha aceite as indemnizações propostas pela empresa para abandonar o espaço.