Licenciado em Som e Imagem pela Universidade Católica Portuguesa e a frequentar o Mestrado em Cinema e Audiovisual pela mesma instituição, André Guiomar venceu a 8.ª edição do festival “Black and White” com o documentário “Píton”, arrecadando o “Grande Prémio de Vídeo”, o “Melhor Vídeo Documentário” e o “Prémio do Público”.

Como é que se sente com os prémios arrecadados no “Black and White”?

Só me posso sentir bem. Não estava nada à espera, mas trabalhei para isso durante um ano e meio. Tive prémios desde o público até ao júri, por isso acho que foi unânime que o filme resulta, o que é optimo.

O que é que esta distinção significa para a pessoa e para o artista?

Como pessoa, dá-me bastante motivação. Dá-me confiança para achar que estou a ir no sentido certo. Como artista, também me dá pujança para me inserir noutros projectos e usar a criatividade, conjugando a confiança pessoal com a confiança laboral.

Qual é o significado pessoal do documentário “Píton”?

Foi a minha primeira experiência em documentário, que passou a ser a minha grande paixão. Já quase não consigo fazer ficção. Foi a criança que fiz crescer durante quase dois anos. Até me cheguei a distanciar do trabalho para poder voltar a vê-lo, porque estava demasiado inserido nele. É o meu bebé. Ver agora na tela, é incrível, é um orgulho enorme. Valeu muito a pena.

Em relação ao futuro, quais são os sonhos e planos?

Tenho muitos… Um deles, é passar uns anos em África a fazer documentário animal, que é um daqueles sonhos que quero realizar. Também gostava muito de, um dia, ter a minha empresa, a minha produtora, para poder financiar os meus projectos e pagar às pessoas que me têm ajudado, que acho que são as certas para trabalhar comigo o resto da vida.

Como define o cinema em Portugal, actualmente?

Acho que a fase que estamos a viver, do digital, é uma fase de revolução gigante. Qualquer pessoa pode fazer cinema e isso vai distinguir as pessoas que têm o dinheiro e os meios das pessoas que têm talento. Pode ser uma revolução da nossa geração, que, supostamente, está “à rasca”. Acho que em Portugal estamos a conseguir acompanhar o que é feito lá fora. O importante é manter uma identidade portuguesa, que é aquilo que tem falhado nos últimos anos.

O cinema é um sonho desde quando?

Curiosamente, há muito pouco tempo. O cinema, antigamente, era uma miragem. Vives numa aldeia, num sítio onde não conheces ninguém que o faça e aquilo parece-te inimaginável, parece quase como ir à Lua. Entrando no curso, começou a parecer-me possível ir por essa área. Mas, antigamente, era um daqueles sonhos eternos, não realizáveis. Não era um sonho para o futuro.