A taça vai para o Norte. Isso já se sabia. Contudo, o destaque, esse, vai inteiramente para Freddy Guarín e Radamel Falcao. Isto porque quando corria o minuto 43 da primeira parte, o primeiro cruzou para o segundo fazer aquilo que mais sabe: golo. Dois compatriotas que se uniram para entregar de bandeja o quarto título europeu ao FC Porto.

Quase se pode dizer que esta é uma crónica de uma final anunciada. Já se sabia que o troféu ia para o Norte. Já se sabia que o FC Porto era favorito à vitória. Já se sabia que Falcao é “letal” dentro da grande área. O que não se sabia era que os adeptos que se deslocaram a Dublin para assistir a uma partida de alto calibre iriam levar um banho de água…morna.

O jogo mais importante da Liga Europa foi morno. Nem frio nem quente. Esquisito. Muito poucas oportunidades de golo, jogo lento e equipas encaixadas uma na outra. Se calhar, os adeptos mais lúcidos, no meio do habitual ambiente de euforia que envolve uma final europeia, já sabiam que o jogo seria assim. Senão veja-se: estavam duas equipas que se conhecem muito bem em campo e, por isso, seria expectável que avançassem com calma. Se do outro lado estivesse uma equipa estrangeira, a adrenalina seria outra.

Com muita ou pouca adrenalina, subiram ao campo os 21 jogadores que o JPN tinha perspectivado antes da partida. Só não subiu o 22º porque Domingos Paciência decidiu surpreender: deixava de fora Salino e colocava Vandinho no seu lugar.

FC Porto vence “jogo amigável”

Quem estivesse desinformado acerca do mundo do futebol, mas decidisse ver a final da Liga Europa (ainda que não soubesse de que dessa competição se tratava), partiria do princípio de que se estaria a desenrolar um jogo amigável. Uma partida pausada, lenta, pachorrenta, sem nenhuma das equipas a querer fazer mal à outra. Isto foi o resumo de todo o jogo, excluindo os minutos 3, 6 e 43.

Aos 3 minutos, Custódio recebe uma bola “recarregada” de cabeça para a área portista e, em excelente posição, remata sem eficácia para o lado da baliza. Aos 6 minutos, Givanildo Vieira de Souza “irritou-se” com o marasmo do jogo, transformou-se em “incrível” Hulk e ia fazendo um golo fenomenal. Numa jogada feita só por ele na ala direita, deixa um adversário para trás, flecte para a grande-área, tira outro defesa da frente, e “bombeia” para a baliza, com a bola a sair muito perto da trave da baliza bracarense.

Aos 43 minutos já se sabe o que aconteceu. Depois de uma primeira parte de fraco nível futebolístico, que só passou uma má imagem para a Europa, veio o momento da redenção. Num dos raros contra-ataques proporcionados pelo jogo, Guarín correu a alta velocidade em direcção à grande-área minhota, com os jogadores do Braga no seu encalço. De repente, travou a corrida, olhou para dentro do “rectângulo” e, num cruzamento magistral, encontrou a cabeça de Falcao que, já se sabe, fez aquilo que só ele sabe fazer: uma dança aérea, um cabeceamento preciso e, claro, golo.

Um único momento que valeu pelos 90 minutos de jogo medíocre e que consagra o colombiano como um jogador “galáctico” (ele, sim), com 17 golos europeus. A mediocridade do jogo é culpa das duas equipas, mas também tem alguma explicação na postura do Sp. Braga. Com Vandinho e Custódio juntos, um meio-campo fechado e muito posicionamento defensivo, o jogo não pôde fluir. Todas as estratégias são válidas mas, com isso e com as constantes demoras de reposição de bola (quando ainda 0 – 0), dificilmente os “arsenalistas” ganhariam a final.

A segunda parte foi mais do mesmo e só o minuto 45 poderia ter mudado isso, quando o “substituto” Mossoró ganhou uma bola ao desconcentrado Fernando e isolou-se na cara de Helton. Mas o guarda-redes, que fazia anos no dia da final, não quis estragar o seu aniversário e a festa do FC Porto e defendeu o remate do arsenalista.