“Em Portugal, há autores de valor, mas o próprio conceito do que é um autor é complicado”, revela o realizador Tiago Pereira. Numa altura em que a publicação de livros e a produção de música ou cinema é acessível a todos, o conceito “direitos de autor” começa a ser banalizado. “Não ligo muito a essas coisas”, confessa. Tiago Pereira não desvaloriza a autoria própria, aliás é “completamente a favor”, mas não esconde que gosta que “as pessoas me roubem os filmes”.
Confrontado com a quantidade de produção portuguesa, o realizador considera que “há poucos autores a sério” mas salienta que “há autores de valor”. Ter vontade e autonomia para avançar com uma auto-produção não é suficiente para ser-se autor em Portugal de forma rentável. “O direito à autoria em Portugal é muito caro”, pelo que ter um cunho verdadeiramente pessoal “não é uma coisa fácil”, adianta Tiago Pereira.
Tiago Pereira incita ao aparecimento de mais autores portugueses com valor, tendo em conta que “é importante haver, cada vez mais obras, que não sejam parametrizadas”, porque é isso que “cativa o público”, e, caso contrário, “tudo é uma chatice”, confessa.
Mesmo que o país não esteja preparado para suportar o valor próprio português, “tem de haver alguma compensação” e os artistas têm de deixar de ser “mal pagos”, uma vez que a autoria exige “muito esforço”, conta o realizador. “Os autores têm de ser defendidos”, conclui.