Susana Videira e Hélder Almeida são os proprietários do primeiro supermercado, na cidade do Porto, a vender somente produtos biológicos. Encontra-se numa das perpendiculares da Avenida do Brasil, junto à Foz, e está de portas abertas há cerca de um ano e meio. O jovem casal tinha “vontade de empreender” e como a agricultura biológica agrada aos dois engenheiros, o “Mercatu” tornou-se numa oferta que, “para o Porto, era uma necessidade”, considera Susana Videira.

“Abrimos no meio da crise mas as pessoas têm gostado”, revela a proprietária. Com cerca de 50 clientes por dia, têm consumidores de todas as idades. “Os mais jovens têm uma mente mais aberta”, mesmo assim Susana revela que “não estão tão sensibilizados nos benefícios para a saúde”. Pelo contrário, os mais velhos preocupam-se com a saúde mas “falta-lhes formação”, uma vez que produtos biológicos e produtos transgénicos são conceitos que ainda não dominam.

Entrar e experimentar é o primeiro passo, mas “as pessoas vêm um pouco com o preconceito do preço”, confessa Susana. Os produtos biológicos são mais caros que os tradicionais em cerca de 30 a 50% pelo que, “no início, os clientes têm receio do valor final da conta”, acrescenta. Tudo muda quando experimentam porque depois, “como se sentem diferentes, vão querendo conhecer mais produtos”, defende.

Os produtos que mais atraem são os que se consomem diariamente, como os lácteos, a carne, as frutas e os legumes. Também a cosmética tem sido uma área que os clientes têm descoberto e têm gostado. Além desta oferta, encontramos ainda comida para os animais, cereais, pizzas, pão, compotas, produtos de limpeza, bebidas, vegetais, massas, bolachas e, até mesmo, um departamento de higiene.

Todos os produtos colocados à venda “são certificados pela agricultura biológica”, assegura Susana Videira. É dada preferência aos produtos nacionais, “embora existam poucas marcas” e muitos deles, por vezes, “têm preços superiores aos do estrangeiro”, relata. Mesmo assim, Susana considera que o país está, cada vez mais, a apostar na agricultura biológica e os próprios agricultores começam a ficar sensibilizados e a tomar a iniciativa de produzir produtos sem transgénicos ou aditivos artificiais.

O jovem casal reconhece que esta área do negócio é um caminho lento, porque “é um caminho de confiança”, mas revelam que passam por um “ponto de equilíbrio em que as despesas já estão mais ou menos cobertas”.

Foram necessários dois anos de preparação, cursos de Gestão e estudos de mercado, em Portugal e no estrangeiro. Na altura, Hélder trabalhava em Espanha e Susana estava desempregada. Descontentes a nível profissional, decidiram aproveitar o apoio do Centro de Emprego e, com a ajuda financeira das Iniciativas Locais de Emprego, foi possível erguer o projecto.

Com os olhos postos no futuro, comprometem-se a baixar os preços para tornar os produtos mais atractivos e afastar a ideia de que a gama biológica não é acessível a todas as carteiras.