Criada há 5 anos e composta por doze talhões, a Horta de Aldoar, no Bairro António Aroso, no Porto, é o local ideal para ocupar os tempos livres dos utilizadores, ao mesmo tempo que ajuda a promover uma vida mais saudável. O ambiente familiar reina e o companheirismo incentiva à preservação da natureza e à prática da agricultura biológica.
Américo Teixeira Alves tem 55 anos e é um dos primeiros agricultores da Horta de Aldoar. “Só planto aquilo que gosto”, diz Américo, antes de enumerar a lista de produtos biológicos que tem no seu talhão. “Tomates coração de boi, pimentos, alface, feijocas, morangos, abóboras, cebolinho, rabanetes e espinafres” são os produtos que planta nesta altura do ano. No Inverno, as culturas direccionam-se para as couves como a “couve-coração e a couve galega” e para as favas.
O agricultor urbano elogia a qualidade dos alimentos plantados na horta que, afirma, “não têm nada a ver com a dos hipermercados”. Ao provar os tomates ou os pimentos da horta, o sabor original mantém-se. Nas grandes superfícies, “sabe tudo ao mesmo”, quer sejam “tomates, pimentos, laranjas ou maçãs”, afirma. Américo visita o talhão diariamente, uma vez que mora muito perto do local. “Todos os dias, quando me levanto, vou passear os animais e depois venho para aqui regar e cuidar disto”. Aquilo que antigamente era um descampado, hoje olha-se e “é uma horta”. “É pequenino, mas dá perfeitamente para o consumo de casa”, remata.
“A nível terapêutico, é óptimo”. Antes, quando saía do emprego chateado, Américo Alves ia para o centro comercial espairecer. “Agora, venho para a horta descarregar energias”. O melhor?: “o prazer de comer aquilo que se planta”.
Susana Soares é proprietária de um dos 12 talhões da Horta de Aldoar, há cerca de quatro anos. “Tenho morangos, alfaces, bróculos, alho francês, espinafres, funcho, cebolinho, manjericão e coentros”, conta. Tal como Américo Alves, no Inverno as plantações tendem mais para as couves e nabiças. “Sempre gostei de ter plantas e de mexer na terra”, diz. “Venho cá dia sim, dia não”. Uma vez que divide o talhão de 25 metros quadrados com uma vizinha, Susana admite que as necessidades familiares não são totalmente suprimidas com os produtos da horta, sendo preciso “comprar alguma coisa de vez em quando”.
Francisco Monteiro, de 60 anos, também é um dos primeiros membros da Horta de Aldoar. Planta “tudo”, desde tomate, alface, pimento e favas. “Até já semeei batatas”, conta. Os produtos são, como em todos os casos, “para consumo interno” da família, mas já aconteceu oferecer alimentos a outras pessoas, uma vez que as regras não permitem a venda dos produtos.
Três vezes por semana, Francisco Monteiro visita a Horta de Aldoar e cuida do seu talhão. É uma boa ocupação para os tempos livres e ajuda a “resolver problemas, às vezes complicados”, confessa. “É uma boa forma para estar entretido junto do sector primário”, explica.
O processo de compostagem demora meses a ficar concluído
A compostagem “é um processo biológico em que tem que haver vida e decomposição”. Quem o diz é Cristina Ferreira, formadora e consultora na área agrícola da Lipor. Este processo deve ser feito “com a ajuda dos micro-organismos e dos seres humanos”. O bicho da conta, a minhoca, o escaravelho, o caracol e a lesma, juntamente com “fungos e bactérias que não vemos a olho nu”, fazem o processo de compostagem.
Dentro do compostor podemos colocar “resíduos orgânicos da cozinha e do jardim, restos de cascas de legumes, fruta, borra de café, relva, flores, caules”, esclarece Cristina. É preciso, também, material “pobre em água”, como “a palha e as folhas secas de Outono” para servir de “esponja”. Se forem apenas utilizados produtos ricos em água, os resíduos “começam a fermentar e a libertar humidade”.
O ideal é haver um equilíbrio, interligando “o grupo do material rico em água, que é rico em azoto, e o grupo do material pobre em água, que é rico em carbono”.
O processo de compostagem pode atingir os 65 graus centígrados, temperatura ideal para que exista “higienização”. O composto precisa de ser revolvido “de vez em quando”, para que “o material não fique compactado”.
O processo só está terminado “quando o material estiver semelhante a terra”. No entanto, “não devemos colocá-lo de imediato na terra”. A maturação deve ser feita durante uma a duas semanas e, só depois, está pronto para “poder ser colocado no solo”, explica Cristina Ferreira.