Foi inaugurada, no passado mês de Abril, a primeira horta comunitária “em transição” de uma instituição de Ensino Superior. O projecto é pioneiro em Portugal e nasceu em Braga, no campus dos Congregados da Universidade do Minho.

O projecto, integrado na rede mundial “Transition Network“, incide sobre as áreas da investigação, intervenção cultural, solidariedade e biosustentabilidade.

A “UMinho in Transition“, nome dado ao projecto, surgiu “a partir do contacto directo com a iniciativa ‘Paredes em transição’ e, em particular, durante uma apresentação da iniciativa ‘Totnes Transition Town’, realizada por Jacqi Hodgson”. Quem o diz é Luís Botelho, professor do departamento de Engenharia Electrónica Industrial da Universidade do Minho (UM).

A ideia surgiu de um grupo de professores, alunos e funcionários da UM, que pediu ao reitor da instituição terras para o cultivo de hortas comunitárias nos três campos da academia: Congregados e Gualtar, em Braga, e Azurém, em Guimarães.

“Pareceu-me que o argumento consistente com a realidade que todos experienciamos fornecia a ‘pedra de fecho’ da abóbada motivacional que poderia levar as pessoas de uma comunidade universitária a mobilizar-se para deitar mãos a algo tão terra-a-terra como… uma horta”. “Não me enganei”, remata.

Actividade física e alimentação saudável na academia

Luís Botelho explica que a “possibilidade de cultivar pequenos talhões agrícolas”, a promoção da actividade física e de uma alimentação saudável, assim como a criação de um “laboratório aberto para a pesquisa multi-disciplinar” são os principais objectivos das hortas comunitárias.

A estes juntam-se a facilidade de “aproximação entre as pessoas”, “o combate à sobre-pressão profissional”, a prevenção de “patologias derivadas do stress e burn-out” e a “participação no movimento internacional ‘in transition’, especialmente na sua vertente universitária”, esclarece.

O futuro passa por um cabaz de legumes solidário e sustentável

A criação de um “cabaz de legumes”, com produção própria e local é o objectivo futuro. A isto, junta-se o lançamento de concursos de ideias “verdes”, como a redução de consumo de energia e o aproveitamento local de energias renováveis.

O futuro está “dependente do sentido que a comunidade encontra e constrói todos os dias”, afirma Luís Botelho. A ideia é criar uma plataforma de investigação multidisciplinar, abrangendo as áreas da Energia, Engenharia, Economia, Ambiente e Agricultura sustentável. É um fenómeno ainda emergente e que ainda não reflecte suficientemente uma consciência do que aí vem mas, ainda assim e por outras razões, já faz caminho.