A Câmara Municipal do Porto (CMP) lançou um apelo à população para colaborar na redução de alimento fornecido a animais abandonados, mais precisamente gatos, pombos e gaivotas.
A atitude suscitou inúmeras reacções negativas, nomeadamente pelas associações que dizem não ser esta a melhor forma de resolver o problema. Na página da CMP pode ler-se que estes animais são “fonte de incomodidade e prejuízos materiais na cidade”.
Face a esta situação, responsável por “inúmeros pedidos de intervenção para o controlo de pombas, gaivotas e de gatos errantes”, o Pelouro do Ambiente elaborou uma campanha, com distribuição de panfletos informativos. Os desdobráveis aconselham a redução de alimento disponível nas ruas e a protecção dos animais domésticos por parte dos seus “donos”.
A publicação do site da CMP foi alvo de dezenas de comentários negativos, em que população e associações se revoltam contra a attitude da autarquia. A maior parte dos pareceres referem que esta solução não é, de todo, a melhor e apelam à esterilização destes animais. “A melhor forma é promover a esterilização”, pode ler-se num dos comentários.
Campanha “tem tanto de cruel como de ineficaz”
Ao JPN, Maria Pinto Teixeira, presidente da Associação Animais na Rua, diz que a acção da CMP é “completamente desprovida de sentido”. Isto porque, para a responsável pela associação, o controlo dos animais de rua não deve ser feito através da fome.
Ao contrário do que se pode ler no site da autarquia, que afirma que “o excesso de alimento provoca o aumento descontrolado das populações de animais”, a presidente da associação esclarece que retirar o alimento aos animais, por exemplo aos gatos, vai culminar em “animais esfomeados e pouco saudáveis, vulneráveis a doenças e infestações parasitárias, como as pulgas”. Para a Associação Animais na Rua, criada em 2005, a campanha da CMP vai resultar em “sofrimento dos gatos de rua e em conflitos com os seus cuidadores e com a população em geral”.
Em alternativa, a associação propõe a aplicação do programa CED (Capturar-Esterilizar-Devolver) a todas as colónias da cidade. Este programa consiste em capturar, esterilizar, desparasitar e tratar patologias a todos os animais. Depois de feito um pequeno corte na orelha esquerda – sinal internacional indicativo de gato esterilizado – os animais são devolvidos ao seu meio. O processo é levado a cabo numa das 29 clínicas veterinárias com as quais a associação tem protocolo a nível nacional ou nas instalações do gatil municipal.
Maria Pinto Teixeira enumera um conjunto de mais valias que a aplicação do programa traria à cidade do Porto, entre as quais “menos gatos vadios em toda a comunidade”, “menos eutanásias”, “menos queixas às entidades camarárias” e “redução de custos”. Assim, para a associação cuja preocupação são os animais da rua, a solução apresentada pela CMP é “absolutamente ineficaz”.