Após Assembleia-Geral da Metro do Porto, realizada esta segunda-feira, foi aprovado o Relatório e Contas de 2010 [PDF] da empresa de transportes portuense. Nele, destacam-se os números negativos do resultado líquido: 351 milhões de euros.

Este valor é a receita que restou à Metro do Porto, em 2010, depois de terem sido deduzidos todos os custos do exercício, como as vendas ou os impostos. Ricardo Fonseca, presidente do Conselho de Administração da empresa, diz, em mensagem presente no relatório, que estes números “reflectem o desajustado modelo de financiamento do projecto”.

Contudo, não foi apenas o resultado líquido que teve uma expressão negativa no Relatório e Contas de 2010. O dinheiro investido em infra-estruturas ascendeu a mais de 2.555 milhões de euros, mas só 785 milhões foram conseguidos para saldar esse valor, o que resultou numa dívida de 1.770 milhões de euros. Nisto se inclui a conclusão da construção da Linha F (Senhora da Hora – Fânzeres) e o prosseguimento de expansão da Linha D (Hospital S. João – D. João II) até Santo Ovídio, em Gaia.

À dívida relativa ao investimento juntam-se aquelas referentes à operação do sistema (250 milhões), à gestão do projecto (65 milhões) e aos encargos financeiros (365 milhões), que resultam numa dívida total de 2.450 milhões de euros, no fim de 2010.

Confiança

Apesar destes números, e depois de ter surgido o rumor da possibilidade de encerramento da Metro do Porto, Ricardo Fonseca continua confiante na resolução dos problemas financeiros da empresa. Na sequência da Assembleia-Geral desta segunda-feira, o ainda presidente do Conselho de Administração disse à Agência Lusa que o funcionamento do metro “não está em causa” e acrescentou “não ter dúvidas” quanto ao cumprimento da dívida de 200 milhões de euros que a transportadora tem de saldar até Julho.

É de referir que, neste aspecto, a Metro do Porto está a contar com a ajuda do Estado, visto que é esta entidade que detém a maior parte das acções da empresa (40%), em conjunto com a Área Metropolitana do Porto (40%). Os restantes detentores da Metro do Porto são os STCP (16,7%) e a CP (3,3%).

No aspecto positivo, destaque para o número de utilizadores do metro do Porto, divulgados no relatório. Em 2010, foram 53,5 milhões, ou seja, um crescimento de 2% em comparação com 2009. Já este ano, faça-se referência para dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), que revelaram 14,4 milhões de passageiros na Metro do Porto, só entre Janeiro e Março.

É entre estes valores negativos e positivos que a transportadora portuense vai balançando. Inserida num contexto económico nacional bastante precário, resta aguardar pelos dias que se avizinham para que o futuro da empresa fique mais claro. Também por causa da situação política em Portugal, a pouco tempo da definição de um Governo, não foi na Assembleia-Geral desta segunda-feira que ficou nomeado o substituto do presidente cessante da Metro do Porto, Ricardo Fonseca.