O Porto foi, esta segunda-feira, palco de mais uma acção de campanha do Partido Humanista (PH). O partido, que faz parte do Movimento Humanista, pretendeu alertar para o peso que o dinheiro tem na sociedade portuguesa, colocando em causa direitos fundamentais. “Neste momento, todos os direitos humanos têm de ser adquiridos pelas pessoas, já não são direitos”, afirma Natacha Mota, do PH.

Esta apoiante do PH explica que, cada vez mais, “a saúde e a educação são pagas” e que os partidos maiores “querem esvaziar a protecção social e que as pessoas invistam em seguros de saúde”. “Tudo está a ser cada vez mais privatizado. Quem tem dinheiro pode, quem não tem não pode”, remata Natacha Mota.

Mas apesar de considerar que os portugueses vêem os seus direitos serem esquecidos de dia para dia, Natacha Mota fala de “uma falta de democracia verdadeira e participativa”, culpando os políticos. “Isto já aconteceu antes, mas está muito patente nesta campanha. Os políticos fazem as pessoas acreditarem que a democracia é votar de quatro em quatro anos” e que os eleitores estão impotentes, uma vez que “mesmo que os políticos não cumpram o seu programa desde o início, as pessoas não têm poder de intervenção”.

Por isso, a possibilidade de os governos serem dissolvidos por consulta popular é o desejo que o PH quer ver realizado. “Queremos que os políticos que não cumpram o seu programa possam vir a ser destituídos do cargo que ocupam, através de moções populares”, explica Natacha Mota.

E o objectivo de dar mais poder aos eleitores aplica-se, também, ao eleitorado portuense que pertence a um distrito que, para Natacha Mota, “está a ser muito castigado pelo desemprego, existindo um pouco de abandono da população neste sentido”. Para contrariar essa tendência, uma das propostas do PH consiste em “possibilitar, através da banca pública, sem fins lucrativos, o empréstimo aos trabalhadores para que possam comprar parte das empresas”, em especial as que estão “com mais dificuldades”.

Assim, combatendo a tendência de fecho e abandono das empresas, o PH espera que os trabalhadores “possam fazer parte da propriedade e gestão dessas empresas” tendo uma “voz activa”. Isto para que, “ao invés de serem canalizados para a banca ou apenas para os devaneios do dono da empresa”, os lucros possam, desta forma, “ser reinvestidos no próprio negócio, para diversificar a produção e insistir na qualificação dos trabalhadores”, refere Natacha Mota.

Acorrentados ao dinheiro

Na Avenida dos Aliados, no Porto, os apoiantes do Partido Humanista fizeram uma “oração ao Deus Dinheiro”. A “brincadeira” serviu para “realçar que hoje em dia tudo está e se faz em função do dinheiro”, conta Natacha Mota, acrescentado que, actualmente, “quem tem dinheiro é importante, quem não tem não vale nada”.

Para a apoiante do PH, há aspectos que deveriam estar garantidos, mas que, por não estarem, “as pessoas matam-se a trabalhar e endividam-se”. “Propomos um mundo completamente diferente em que o ser humano seja o valor central e não o dinheiro”, defende Natacha Mota.

Assim, junto a um banco, “vários prisioneiros do dinheiro” fizeram uma oração, com direito à presença de um “Sacerdote do dinheiro”, seguido de uma conversa com os cidadãos que por lá passaram.