“A informação que está prevista nos programas eleitorais é veiculada pela comunicação social e acaba por não ser necessário recorrer à fonte original”. Este é o entendimento de Miguel Vaz, estudante de Direito na Faculdade de Direito da Universidade do Porto (FDUP). Nunca se associou a um partido em concreto. Não lê os programas eleitorais, nem acha que isso mudaria o seu sentido de voto.
Pensa que uma pessoa que “esteja minimamente informada sobre o sistema político português sabe o que é que cada partido defende e os traços gerais em que se baseiam os respectivos programas eleitorais”. O estudante de Direito lembra também que, devido à intervenção do FMI, “os partidos estão limitados àquilo que a troika exige”.
Miguel Vaz admite a possibilidade de existirem medidas previstas nos programas eleitorais e que acabem por não ser veiculadas na comunicação social. No entanto, parte do pressuposto de que é transmitido, em termos gerais, o mais importante.
Já Maria João Marques é estudante de Arqueologia, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP). Lê os programas eleitorais. “Qualquer cidadão deve ter o mínimo de consciência política e ler os programas, para ter a noção das ideias e decidir o sentido de voto”, considera. Quanto à comunicação social, Maria João Marques pensa que existe parcialidade, uma vez que “há mais atenção dada aos grandes partidos.”
A leitura dos programas eleitorais acaba por não influenciar Maria João Marques. Isto acontece porque tem uma posição política firme. No entanto, acha que “é sempre importante perceber as posições políticas” de todos os partidos. A estudante lembra que, apesar de a maior parte das pessoas já ter uma posição política tomada, “há sempre uma minoria que está dependente das alterações das políticas” por parte dos partidos.
Factores que ajudam a decidir o sentido de voto
Há muitos factores, para além dos programas eleitorais, passíveis de ajudar a decidir o sentido de voto. Um deles prende-se com as campanhas eleitorais. Miguel Vaz pensa que as acções de campanha em Portugal “deixam muito a desejar”. “São sempre marcadas por discursos demagógicos e por um criticismo cego aos partidos contra quem se concorre”, afirma. Além disso, no seu entender, “o entusiasmo revela-se uma dificuldade à transmissão de ideias claras e inequívocas”.
Quanto aos outdoors, a opinião de Miguel Vaz é de que “pouco acrescentam ao debate político”. “São meios de comunicação onde abundam lugares comuns em letras garrafais para atrair a atenção de quem os lê.” E os panfletos que se distribuem nestas alturas “não têm escrito aquilo que realmente interessa”, considera.
Para o estudante de Direito, os debates são um dos melhores meios para “formar opinião” e para ter ideia das “reais qualidades de um político”. Nesta campanha eleitoral, confessa que ainda não viu nenhum debate do início ao fim. Talvez porque, ao contrário de outras campanhas, nesta não precisou de uma fonte adicional de informação para decidir o seu sentido de voto.
Maria João Marques pensa que os factores que ajudam a decidir o sentido de voto, para além dos programas eleitorais, passam pela campanha que cada um dos partidos faz, seja campanha de rua, comícios ou qualquer tipo de convívio. A estudante de Arqueologia pensa até que isso acaba por ser mais importante que os programas, uma vez que “o contacto entre a população e os políticos é mais directo”. “Acho que isso deve ser usado como uma boa arma para influenciar a população a votar neles”, conclui.