Por dia abundam fotografias, vídeos e declarações dos candidatos, no âmbito da campanha eleitoral, nas redes sociais. O objectivo é informar o eleitorado que, à medida que contacta com as informações partilhadas pelos seus amigos das redes sociais, conhece as ideias e actos dos partidos políticos em campanha eleitoral.

Paulo Frias é professor de Novos Media. Muito ligado às redes sociais, Frias afirma que a comunicação através destas novas ferramentas se caracteriza pelo aumento da proximidade entre os interlocutores. “No entanto, transporta uma carga de valores afectivos e emocionais que a distinguem de outras formas de comunicar mais formais e unidireccionais”, explica Paulo Frias.

A utilização das redes sociais no mundo político pode, então, permitir uma maior proximidade entre os partidos e os seus eleitores, mas o habitual utilizador do Facebook, Twitter e Youtube relembra que a utilização das redes sociais é vantajosa “desde que sejam compreendidas as características da tipologia da rede e exploradas as suas vantagens”, como as “ligações afectivas, algum voyeurismo, a identificação ideológica”, entre outros.

Na opinião do especialista em novas formas de comunicação, os partidos devem apostar na campanha pelas redes sociais. “A utilização das redes sociais deveria ser alvo de especial atenção, uma vez que entram num território habituado a seguir regras de participação e de livre expressão de ideias”, considera, aspectos que, na maioria das vezes “colidem com os conceitos adquiridos pela experiência política dos partidos fora das redes.”

Partidos optam por soluções “demasiado óbvias”

Apesar da importância conferida pelo professor à aposta nas redes sociais em época de campanha, este define a acção dos partidos como “pobre” e “vazia”. “A maioria dos partidos que elege as redes sociais como forma de comunicar durante a campanha opta por soluções demasiado óbvias, sem interesse e sem sentido para o eleitorado”, conclui.

Com as acções a decorrer na rua e, consecutivamente, com a transposição das mesmas para o Facebook, a palavra redundância pode surgir. Paulo Frias considera que os partidos “aparentam criar uma dinâmica de vitória pela proliferação de mensagens”. Todavia, “acabam por tornar o seu esforço qualitativamente redundante pelo tipo de mensagens que veiculam”.

O especialista e conhecedor das redes sociais propõe uma nova forma de interacção dos partidos com as novas formas de comunicação pela Internet. “A apresentação individual, numa fotogaleria, de cada um dos candidatos num determinado distrito com uma mensagem de apresentação pessoal e de vontades (não de promessas)” seria benéfica à campanha dos partidos. Consequentemente, “os nomes da lista passam a ter uma cara, e transportam-se da esfera política fechada para a esfera pública e de comunicação personalizada com o cidadão”, reitera Paulo Frias.

A mera transposição pode parecer “inútil”, uma vez que o eleitorado não se revê na “falta de imaginação dos partidos e dos candidatos”, pois, ao “encontrar nas redes sociais mais do mesmo, vem reforçar a apreciação negativa que podem fazer dos partidos e da política em geral”, conclui o docente e investigador da Universidade do Porto.