O primeiro de muitos Happiness Days da Universidade do Porto (UP) teve lugar ontem, quarta-feira, no Salão Nobre da Reitoria. A espalhar felicidade por alunos, docentes e portuenses estiveram diversos oradores, convidados pelo recém criado Happiness Club da UP, que tem por missão alertar para a importância da felicidade na vida pessoal e profissional.

A apresentação do clube, que arranca a toda a força no início do próximo ano lectivo, esteve a cargo de Inês Santos Silva, mentora do projecto. Inês Santos Silva aproveitou para garantir aos mais desconfiados que a felicidade está “realmente inerente nas nossas vidas” e que existem “várias dimensões da felicidade”. “Dizem que 50% da nossa felicidade vem dos nossos pais, 10% dos rendimentos que temos, 40% das actividades que fazemos… É nesta última parte que o Happiness Club quer interferir”, explica, com uma série de propostas que serão realizadas a partir de Setembro.

O primeiro a tomar o palco seria José Pais Ribeiro, professor na Faculdade de Psicologia que falou de psicologia positiva. Para Pais Ribeiro, não é preciso dinheiro para se ser feliz. Embora a estabilidade financeira seja realmente importante para o sentimento de felicidade, “a partir de um certo patamar” de riqueza, “isso já não é tão verdade”. O segredo está, por isso, “na qualidade de vida”.

A opinião é partilhada por Helena Martins, que a adaptou às empresas, focando-se na “força” que o “bem-estar dos colaboradores” de uma organização tem na “performance organizacional”. Hoje em dia, quando cada vez mais “os colaboradores são trabalhadores do conhecimento”, é preciso “arranjar formas positivas de gerir as pessoas”.

Já espalhar felicidade é o lema de Tiago Ferreira que, enquanto estudante de Engenharia Civil, encontrou quase por acaso um grupo de voluntariado na faculdade. Perante a possibilidade de ir para África, e depois de muitas dúvidas, superou os medos e passou cinco anos como voluntário naquele continente. Para ele, “a felicidade também tem a ver com desafiarmo-nos, irmos à luta e vencermos”. O seu lema agora é “Pfuka u Famba”, ou “levanta-te e anda”, pois “a felicidade não é só riqueza e é possível viver com muito pouco e ser feliz”. Depois da experiência, desistiu da vida de engenheiro civil e agora é “empreendedor social”, dedicando-se a procurar “iniciativas inovadoras que resolvam os problemas sociais e ambientais”. Isto porque “ajudar os outros faz-nos muito felizes”.

Já Hugo Volz Oliveira, da Sociedade de Debates, aproveitou a sua intervenção para incentivar a plateia a “tentar ver as coisas por outra perspectiva”, para “encontrar a felicidade até nos momentos maus”.

Enfrentar o Mundo “com um sorriso na cara”

Uma das intervenções mais aplaudidas do dia chegaria pela mão de Bento Amaral, enólogo e conhecido orador que explicou que “a felicidade não são estados, mas é, sim, um estado de vida no dia-a-dia”. Questionado vezes sem conta sobre o acidente que o tornou tetraplégico, responde com convicção que talvez, se o pudesse evitar, não o faria, porque gosta daquilo que alcançou e não sabe se teria conseguido tais metas se não estivesse numa cadeira de rodas. Num discurso que emocionou a plateia, desenrolou o novelo da sua história de vida, de como ultrapassou o desafio de se voltar a integrar na sociedade “com um sorriso na cara” e acabou por cumprir os sonhos do futuro que idealizou antes do acidente.

“Sinto-me mais realizado do que alguma vez pensei que viria a ser”, garante, isto porque “temos de saber ser felizes onde estamos e como somos” e não devemos “confundir felicidade com facilidade”.

Terminada a apresentação e cessados os aplausos de todos, Isabel Paiva de Sousa usou o seu tempo para falar de felicidade no trabalho e rentabilidade. Para a psicóloga, existem pequenos truques para conseguir bons (e felizes) resultados no emprego, como “expressar gratidão”, “cultivar o optimismo e a esperança” ou “superar desafios”.

Seguir-se-ia um momento musical proprorcionado por Rodrigo Viterbo, que constrói didgeridoos e colocou, durante largos minutos, a plateia de olhos fechados, a sentir o som exótico dos instrumentos que produz.

Finalmente, Ricardo Diniz, velejador solitário, traria o último sopro de dinamismo à conferência, falando do seu percurso e das escolhas que fez para…ser feliz. Para o velejador, apesar de ter cumprido muitos dos seus objectivos enquanto profissional, nada o faz mais feliz que “ir buscar os filhos à escola”. Os obstáculos, esses ultrapassam-se naturalmente. “Temos de fazer o que queremos fazer, com as cartas que temos para jogar”, entende. O evento terminou com mais um momento musical e a promessa de mais edições num futuro próximo.