“Há política no Norte?”. A questão foi colocada por Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto (ACP), no arranque da sua intervenção na “Conferência do Norte”, a decorrer na Casa de Serralves durante esta sexta-feira, e relaciona-se com a importância de “quem está na Assembleia da República sentir o eleitorado”.

O presidente da ACP mostrou-se muito crítico do actual sistema político português, defendendo o fim dos círculos eleitorais distritais e a criação de “círculos regionais” no continente, à semelhança do que acontece nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira, de modo a que os eleitoras possam escolher directamente os deputados. “Isso iria obrigar os candidatos a fazer o trabalho de casa” e a regressar à terra aos fins-de-semana, referiu. Tal mudança, para um sistema semelhante ao que vigora, por exemplo, na Finlândia, acabaria com os “votos perdidos” nos partidos mais pequenos.

Com moderação de Jorge Fiel, do “Jornal de Notícias”, e juntamente com o Bispo da Diocese do Porto, D. Manuel Clemente, Rui Moreira integrou o segundo painel do dia, subordinado ao tema “O Norte e a Economia”, no qual foi ainda discutida a necessidade de criação de “lideranças plurais” no Norte do país. “Temos possibilidades. A sociedade cívica activa deve ser servida pelos políticos”, sublinhou o Bispo da Diocese do Porto.

Descentralizar é o que faz falta ao Norte e a Portugal

O primeiro painel de debate do dia, moderado pelo jornalista da TSF João Paulo Menezes, “O Norte e a Economia”, contou com a participação de Alberto Castro, docente da Universidade Católica Portuguesa, e José António Barros, presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), cujas intervenções se centraram no potencial do Norte do país enquanto alavanca da economia nacional.

“Nas crises anteriores, o Norte foi quase sempre o primeiro a afundar-se, mas também foi, sempre, a região a tirar o país da crise”, frisou Alberto Castro, apontando casos de sectores tradicionais de sucesso, como o calçado, a indústria têxtil ou o mobiliário. Ideia reforçada pelo presidente da AEP, que salientou o facto de “quase 50% do volume de exportações de Portugal se verificar a partir do Norte”.

E para que o Norte do país se possa voltar a afirmar, Alberto Castro e José António Barros não têm dúvidas: é imperioso descentralizar. “É necessária uma mudança substancial no processo de descentralização para aproveitar as potencialidades regionais”, defendeu Alberto Castro.

Os debates continuam, na Casa de Serralves, durante a tarde desta sexta-feira, no dia em que se celebra o 20.º aniversário de emissões da TSF a partir da cidade do Porto.