"Beijo Bandido" é o mais recente álbum de Ney Matogrosso. Com maquilhagem e figurinos discretos e sem os exageros de encenação que lhe são peculiares, o cantor apresentou-se na Casa da Música.

Com a sensualidade de sempre, Ney Matogrosso contagiou, com o seu “Beijo Bandido”, a Sala Suggia da Casa da Música, na última segunda-feira. Mais de 900 pessoas compareceram ao concerto. O espetáculo foi escolhido para substituir o concerto de Djavan, que teve um esgotamento físico duas semanas antes do evento.

Ney Matogrosso apareceu com maquilhagem e figurino discretos, ao contrário do conceito exagerado que apresentou no aclamado trabalho anterior, “Inclassificáveis”. A sobriedade de estilo aliada à potência vocal não colocou a marcante capacidade de Ney como intérprete em segundo plano. Mas o que reverbera neste espetáculo não são mais os excessos de encenação e sim a intensidade da voz, potencializada por movimentos resolutos do corpo e semblante alternado entre a sedução e a tensão.

Aliás, as alternâncias identificam todo o concerto, marcado por grandes nuances entre a atmosfera intimista e a “pegada” pop rock. “Inicialmente, achei que seria um álbum de músicas românticas. Depois de pronto, dei conta de que se trata de um álbum pop de canções brasileiras”, ressalva o artista.

Músicas inéditas como “A cor do desejo” e “Beijo roubado” marcaram o início do concerto, que seguiu com regravações como “Nada por mim” (sucesso anterior com o grupo Os Paralamas do Sucesso) e “Bicho de Sete Cabeças” (originalmente gravado por Zé Ramalho e Geraldo de Azevedo e, depois, por Zeca Baleiro). Todas as canções do álbum foram “testadas” em concertos ao longo de 2008, um ano antes do artista ir a estúdio produzir o disco.

Ney Matogrosso, que teve o reconhecimento afirmado em Secos & Molhados, nos anos 1970, completa quatro décadas de carreira este ano e diz que a maturidade não é, para si, ponto de chegada. “Estou sempre me desafiando não é porque tenho a obrigação de fazer sempre melhor, amadurecer conceitos que iniciei; desafio-me porque quero sempre fazer diferente, outra coisa que não aquilo que já é”, afirma o cantor.