Quem entrasse no recinto do Optimus Alive!11 no primeiro e no segundo dia, diria que estava num sítio completamente diferente. Depois da euforia para conseguir um bom lugar para ver Coldplay no dia anterior, que levou muitos a chegar bem cedo a Algés, quase não se via ninguém por lá ao início da tarde.

Os mais corajosos enfrentavam como podiam o calor que se fazia sentir, aproveitando a sombra dos palcos secundários. No coreto, esperava-se por mais uma das inúmeras participações dos Homens da Luta, que tomaram o quinto palco como seu e montaram arraial.

Do palco Super Bock, pouco houve a dizer no início do dia de concertos. Dos Crocodiles aos Everything Everything, aguardava-se o início dos concertos no palco principal (ou a presença de nomes mais sonantes no secundário…). O palco Optimus acabaria por ser estreado neste segundo dia pelos Jimmy Eat World que, competentes e nostálgicos, abririam caminho para os My Chemical Romance. Ambas as bandas são associadas ao movimento emo, mas apenas a primeira pareceu dar melhores mostras disso. Os My Chemical Romance, de volta às origens punk, deram um espectáculo eclético e, ironicamente ou não, bastante mais alegre do que se poderia imaginar, ao ver as massas de tshirts negras e cabelo colorido que passeavam pelo recinto.

Já na hora de jantar, e terminado o concerto da banda norte-americana, debandada (quase) geral. E não era razão para menos. Se no palco principal actuariam os habitués Xutos e Pontapés, no Super Bock era altura de ouvir Primal Scream, uma das bandas mais aplaudidas do dia. Enquanto muitos optavam por ir ver o veterano Bobby Gillespie e o seu alucinante (ou será antes alucinogénico?) Screamadelia, alguns saudosistas (misturados com os muitos fãs de Foo Fighters que não arredavam pé do palco principal) deixavam-se ficar pelo Optimus. A surpresa da noite chegou na presença de Zé Pedro, que ainda nem há um mês recebera um transplante de fígado e já estava de volta aos palcos. Ao entrar, o guitarrista agradeceu ao público e aos companheiros de banda o apoio que recebeu e que o ajudou a enfrentar o período difícil.

Não há espaço para o frio num festival de puro rock

Era tempo para provar, mais uma vez, que velhos são os trapos. Depois do show de glam rock de Blondie no dia anterior, era a vez de Iggy Pop, com os seus The Stooges, mostrar que a idade não é impedimento. Em tronco nu, como já é sua imagem de marca, e apesar do frio e vento que se faziam sentir, Iggy puxou pelo público, saltou, atirou suportes de microfone pelo ar e desafiou os seguranças ao quase pedir uma invasão de palco. Se não estivesse uma multidão a ver a velha glória da música internacional, seria, certamente a mesma coisa. Iggy faz a festa quase sozinho e não tem pudor em dizer mal de tudo e todos, com muitas asneiras pelo meio.

Depois de mais de uma hora de puro caos, eis o esperado concerto da noite. Os Foo Fighters entraram em palco em apoteose e foi assim que conduziram o espectáculo. Sem fogo-de-artifício ou confettis coloridos, os norte-americanos fizeram suar o público e não pararam nem para respirar.

Com uma energia inesgotável e sempre a interagir com o público, Dave Grohl já suava em bica logo ao final dos primeiros acordes. Também não é difícil, a multidão sabe de cor os êxitos e a banda tem estampada no rosto a expressão da satisfação. Quando uma banda realmente gosta do que faz, isso nota-se e extravaza para quem assiste. Dave Grohl fez o que quer do público, que estava mais do que disponível para ser comandado. Enquanto isso, um very light aparecia no meio da multidão a certa altura. Ninguém se queixava do frio, ninguém queria saber do vento. A noite era de celebração do rock e o “deus-por-umas-horas” Grohl marcava o compasso. Ao lado, graúdos e miúdos ouviam a mesma banda, unidos pelo mesmo gosto.

Depois de beber uma cerveja de golada e de, ao mesmo tempo, não perder de vista a sua chiclete, mais um êxito. Foram muitos: Learn to Fly, Long Road to Ruin, My Hero e Pretender foram apenas algumas das canções que se ouviram em Algés, durante mais de duas horas de puro rock. Ficará para a história, certamente, como um dos melhores concertos desta edição do Optimus Alive!11. A festa continua hoje, sexta-feira, com bandas como The Pretty Reckless, 30 Seconds to Mars, Chemical Brothers, Fleet Foxes, Digitalism, Grinderman e Thievery Corporation.