Tipicamente portuenses, as tripas à moda do Porto estão entre os 21 finalistas das 7 Maravilhas da Gastronomia Nacional. Pela frente, deparam-se com “adversários” como o arroz de marisco, o pastel de Belém e o bacalhau à Gomes de Sá, outra especialidade do Porto.

O historiador Germano Silva é o mandatário da participação no concurso, apadrinhada pela atleta Rosa Mota e por Rui Veloso. Aliás, o restaurante do músico, situado frente ao Rio Douro, foi quem inscreveu o prato no concurso e tem participação activa nesta candidatura, tendo promovido um almoço de divulgação hoje, terça-feira. No evento, participaram diversas personalidades associadas a esta corrida pela distinção das tripas como maravilha gastronómica. Entre elas, Mário Dorminsky e o humorista Fernando Mendes fizeram questão de marcar presença no evento. Outras individualidades também se associaram à iniciativa, como Manoel de Oliveira, Júlio Machado Vaz, o reitor da Universidade do Porto e Belmiro de Azevedo.

José Pereira, da organização, aproveitou o evento para frisar que participar nesta competição tem como objectivo principal “preservar a cozinha tradicional” portuense. Para tal, será necessário “envolver diversas forças da região” para conseguir promover o prato típico. Como tal, a organização ficou decepcionada com a decisão da Câmara Municipal do Porto (CMP) de não participar na promoção do prato. “A partir do momento em que se colocou a questão de fazermos duas grandes iniciativas, uma no Porto e outra em Gaia, a postura da câmara mudou completamente”, diz, explicando que, de início, a CMP estava disposta a participar.

“Quem não votar nas tripas não é bom portuense”

Quem está a ajudar na divulgação é a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia (CMG), representada no evento por Luís Filipe Menezes. Para o presidente da CMG, esta promoção das tripas é “a mais adequada à realidade que vivemos”, pois “a história das tripas é a história da penúria, da desgraça, da fome”. “Acho que, se calhar, está na altura do país passar a comer tripas em vez de caviar”, entende. A escolha das tripas como património gastronómico de Portugal é, para Menezes, importante para afirmar a região, especialmente a nível turístico, visto que o Porto é “o quarto destino turístico do país”, a uma “distância enorme do Algarve, Lisboa e Madeira”. “Temos de fazer pela vida”, diz, apelando ao bairrismo para vencer “os pastéis de Belém” lisboetas. “Quem não votar nas tripas à moda do Porto não é um bom portuense nem um bom nortenho”, assegura.

Para além das tripas à moda do Porto, também o Bacalhau à Gomes de Sá está nomeado, fazendo do Porto “a única cidade com dois pratos de valor histórico” a concurso, diz José Pereira.

Para continuar a promover o prato, será feito um almoço para duas mil pessoas na marginal de Vila Nova de Gaia no dia 30 de Julho, anunciou a organização. A competição decorre de dia 7 de Maio a 7 de Setembro e os sete pratos mais votados pelos espectadores atingem o tão desejado estatuto de maravilha gastronómica nacional. A votação pode ser feita por telefone, SMS ou redes sociais.