Comprar um passe para o Milhões de Festa é embarcar numa viagem diferente. Desenganem-se os mais “perdidinhos” que possam achar que este é um festival como outro qualquer, mas em formato “pocket”. O Milhões é uma experiência. Entre o palco piscina, o Vice e o Milhões, a viagem pela ponte para aceder a outros palcos, muito há para fazer a partir das 14h00 e até às 4h00 nestes três dias “alternativos”.

No primeiro dia e a uma hora da abertura da área principal do certame, a fila para levantar as pulseiras de acesso já ia longa. Pelas ruas adjacentes, um novo acessório tão conhecido dos festivaleiros do Sudoeste ou do Super Bock Super Rock: a toalha de praia. Aliás, para aceder ao palco piscina, o biquini e o calção quase que se tornam “dress code” obrigatório.

Enquanto as bandas vão passando pelo mini palco que mais parece uma tenda de festa privada, os veraneantes despem as roupas de festival e atiram-se à água. Houve tshirt e CD de Mr Miyagi para o melhor mergulho durante o concerto e orgulho barcelense na actuação dos Glockenwise, num dia que começou ao som dos Hill.

Um palco para todas as tribos

Quando o sol começa a fugir, é hora de rumar aos palcos “maiores”. Hoje, como sempre, há música para todos os gostos e para todas as tribos. A banda que estreia a zona principal do festival este ano já é presença obrigatória no Milhões, desde 2006: Riding Pânico. O rock experimental do grupo atraiu uma boa massa de ouvintes, se tivermos em conta os standards de público de um festival como este: umas boas centenas de pessoas já são uma enchente a esta hora.

As actuações vão-se sucedendo e difícil é conseguir escolher as bandas a ver a qualquer momento, espalhadas pelos cinco palcos do evento. Entre as pausas para “abastecer” o estômago e consultar, mais uma vez, o alinhamento, ouve-se ÆTHENOR, que, com a sua forte componente experimentalista, servem de música ambiente (forte) de transição entre o espírito da piscina e os concertos que se seguirão durante a noite.

Destaque natural para os Graveyard que, depois de um enérgico e ecléctico (e deslocado – a banda deveria ter actuado no palco Vice e não no palco Milhões -) concerto dos Zun Zun Egui, trouxeram a magia do rock da velha guarda até à berma do rio que banha Barcelos. Pela primeira vez em Portugal, a banda sueca conseguiu reunir uma boa quantidade de rockers vintage ao pé do palco, misturados no meio dos hipsters, punks e restantes tribos que coabitam este espaço de celebração da diferença.

Seguir-se-iam, no palco Milhões, os reis do indie nova iorquino Liars, que encerraram em beleza o primeiro dia de actuações no palco principal. No Vice, mesmo ali ao lado, If Lucy Fell, Veados com Fome, Lobster e os Discotexas Gang (que devem voltar a actuar mais ou menos de improviso na piscina, no domingo) entreteram os mais resistentes até às tantas.