O tempo passa e o país de chegada fica enraizado nos jovens que encontram uma oportunidade de sucesso no estrangeiro. Inicialmente, a adaptação pode ser demorada mas, a partir do momento em que se criam hábitos sociais no país de acolhimento, pode ser difícil sair.

André Lamego foi muito cedo para a Dinamarca. Ainda não tinha terminado o seu mestrado em Engenharia Informática pela FEUP e já estava a estagiar na Microsoft. Há mais de cinco anos a trabalhar fora de Portugal, André criou a sua vida neste país banhado pelo Mar Báltico.

Recém-casado com uma dinamarquesa, o engenheiro informático não pondera voltar às suas origens lusitanas. “Tenho saudades de Portugal, da minha casa e dos meus amigos, mas todos eles compreendem que, neste momento, dada a economia de Portugal, estou numa posição privilegiada e devo aproveitar”, afirma. Além de um centro de oportunidades, para André Lamego, a Dinamarca é, também um porto de abrigo.

Hoje, tem uma pessoa que o prende ao país nórdico. “No ano passado diria que sim, que voltaria para Portugal, que estava à procura. Hoje não sei”, confessa. Devido à crise económica, muitos jovens licenciados que estão no estrangeiro viram a sua vontade de regressar a Portugal desvanecer. “É muito difícil, com os meus anos de trabalho e a minha experiência, conseguir um bom emprego que me sustente a mim mesmo”, completa o português residente na Dinamarca.

As saudades de casa apertam para Rui Barbosa que, residente em Londres confessa que pensa constantemente em voltar a Portugal. “A minha questão é que, realisticamente, não vou conseguir encontrar um emprego em que me sinta realizado”, afirma o jovem trabalhador da Google, que apenas pondera o seu regresso a Portugal se surgir a oportunidade de constituir uma empresa própria.

Por outro lado, António Correia, engenheiro mecânico a trabalhar em Angola, vê o seu regresso próximo a Portugal. O trabalho de António em Luanda é provisório. “Se o projecto que estou a fazer cá fosse idêntico a um oferecido em Portugal, voltava sem hesitação”, afirma. Viajou para o país Africano para desenvolver a empresa em que trabalha e, quando esta estiver a funcionar em velocidade-cruzeiro, os serviços de António já não são necessários. É em Portugal que o engenheiro mecânico se sente bem, voltando regularmente à sua terra-natal.