A aventura começou com o desafio lançado por Miguel Barbot no seu blogue sobre ciclismo urbano. Um leitor e também bloguer, que “anda de bicicleta diariamente, tanto para trabalhar, como para lazer”, respondeu positivamente ao desafio, tendo aliciado mais dois familiares para a aventura.
Após uma pesquisa na Internet, a impressão de mapas do percurso e com a ajuda de um pequeno guia com dicas de outros peregrinos nos dias anteriores, estava tudo a postos para, na sexta-feira, 30 de Julho, partir à aventura de bicicleta. E assim foi.
O percurso (inicialmente previsto começar no Porto), começou em Viana do Castelo, “por imperativos de agenda”.”Encurtámos um dia e, em vez em vez de partirmos do Porto, decidimos partir de Viana, entrando no caminho, propriamente, em Tui”, explica Miguel Barbot. Antes de partir, o sentimento era de “alguma adrenalina e toda aquela sensação engraçada que se tem quando conhecemos pessoas novas”, conta.
A aventura começou às 07h30 de sábado, 31 de Julho, com o trajecto Viana-Valença, seguindo tanto por caminhos principais, como a N13, como caminhos secundários paralelos à linha do comboio e, também, por “trilhas de monte”. O objectivo era “perceber o ritmo de cada um, testar o material e fazer afinações”, conta o “apaixonado por bicicletas”.
“Uma longa subida” no final do primeiro dia a pedalar antes de chegar a Redondela, onde parariam para descansar, foi, para Miguel Barbot, “um grande teste”, pois durou vários quilómetros. Foi também durante este percurso que o grupo se desintegrou, devido à “diferença de ritmos entre os peregrinos desportistas e os outros”. No primeiro dia foram percorridos cerca de 90 quilómetros.
O objectivo do segundo dia era chegar a Santiago, “atacando os 80 quilómetros que faltavam com um ritmo mais forte do que o do dia anterior”, conta Miguel Barbot. E, por isso, o dia foi “muito duro” e com “muita montanha”. O facto de ter de “carregar material dos elementos mais lentos” e as poucas horas de descanso e de sono levaram, rapidamente, ao cansaço. Mas desistir não estava nos planos daqueles ciclistas aventureiros e, ao final da manhã, 50 quilómetros já estavam percorridos. Depois do almoço, com as energias renovadas, o percurso continuou até Padron, chegando depois a Santiago.
“Finalmente chegámos a quatro quilómetros do destino e vimos a Catedral ao longe. Foi fantástico. Iniciámos a descida rápida pelas trilhas, até que entrámos na cidade, onde encarámos mais uma subida, que ia deixando um dos elementos K.O.“, relembra o ciclista urbano. “A última etapa custou-me bastante”, confessa. “A bicicleta estava muito pesada e não tinha suspensão, o que fez com que a pressão nos braços fosse muito elevada”, justifica Miguel Barbot, acrescentando, ainda, que por isso chegou a um ponto em que lhe parecia que “tinha pernas, mas não tinha braços”.
O fim da viagem
No final da viagem, o balanço é positivo. “A viagem em si é dura, especialmente se formos carregados, mas muito engraçada e entusiasmante, com momentos de grande adrenalina nas descidas. E houve muita entreajuda”, descreve.
Pelo caminho, não faltaram alguns contratempos e algumas surpresas. “A maior surpresa foi a dureza do caminho para quem vai de bicicleta e a outra foi a rapidez com que o tempo passa. Vai-se muito rapidamente de um ponto em que temos as coisas controladas a outro em que temos que acelerar muito o ritmo para chegar ao destino ainda de dia”, explica.
O melhor da viagem foi, segundo o organizador, o “convívio entre todos”. “O caminho em si é muito bonito, com paisagens espectaculares. As jantaradas e a conversa fiada nas pausas e à noite foram grandes prazeres”. Já as maiores dificuldades prenderam-se com o calor e a diferença de ritmo entre os dois grupos, afirma Miguel Barbot.
O regresso a casa aconteceu na manhã de segunda-feira, 1 de Agosto, depois de uma noite de descanso em Vigo. “Apanhámos o Internacional para o Porto, o tal que queriam desactivar e, que por sinal, vinha cheio”, sublinha. A acompanhá-los vinham 15 bicicletas na parte da carga.
Miguel Barbot pretende repetir a aventura em Outubro, desta vez com partida do Porto, mas há alguns aspectos a melhorar. “É importante ter um grupo com ritmos semelhantes e ir bem equipado, apenas levando o necessário (ferramentas, câmaras de ar, protector solar, creme gordo para as assaduras) e levar alguém que perceba o mínimo de mecânica”, adverte.
“Apesar da questão logística ter sido muito bem organizada, houve um fraco planeamento do percurso em si, já que dormimos pouco e fizemos uma má gestão do primeiro dia, o que nos obrigou a estar muito tempo em cima da bicicleta”, refere. A revisão de todas as bicicletas também “devia ter sido acautelada” e foi um “autêntico milagre não ter havido avarias”. Mas mesmo assim, “portaram-se muito bem”, assegura Miguel Barbot.