Sexta-feira prometia ser noite de enchente, ou não fosse a noite de celebração do início do fim-de-semana. Como tal, muitos eram os festivaleiros que se viam nas imediações de Paredes de Coura de tenda às costas, à procura de uma nesga de espaço onde colocar as provisões.

Os Kings of Convenience que, no dia anterior, tinham dado um espectáculo improvisado num barco de borracha no Taboão, voltaram a repetir a proeza. Um “concerto” que deixou satisfeitos os festivaleiros que aproveitaram a água do rio para fazer frente ao calor intenso que tem marcado a 19.ª edição do festival de Paredes de Coura.

Mas o verdadeiro espectáculo apenas aconteceria umas horas depois. Antes, no palco secundário os portugueses You Can’t Win Charlie Brown deram o mote para mais um dia de concertos, a que se seguiria Le Butcherettes, Summer Camp (a substituir Jamaica) e Chapel Club.

No palco Ritek, os The Joy Formidable não deram tréguas e começaram logo a abrir o certame com uma descarga de rock poderoso e bem dirigido. Pela primeira vez em Portugal, a banda não se cansou de elogiar os portugueses e desculpar a ausência, aproveitando para homenagear as pessoas que ontem perderam a vida no festival Pukkelpop, na Bélgica, devido a uma tempestade.

Seguir-se-iam os Trail of Dead, que também mostraram toda a energia e poder do seu rock alternativo. A banda texana aproveitou para apresentar em terras lusas o sétimo álbum e mostrar que pelo Texas faz-se muito mais do que música country. Depois, os Battles fizeram toda a gente dançar. O trio nova-iorquino não deixou ninguém indiferente e fez agitar todos os que já se encontravam no recinto àquela hora. Um concerto cheio de batidas energéticas e contagiantes que deixou toda a gente bem-disposta e preparada para uma grande noite de concertos que ainda estava a ser “cozinhada”.

Terminada a “ronda” inicial, era altura dos festivaleiros receberem de rajada três dos nomes mais sonantes deste cartaz: Deerhunter, Kings of Convenience e Marina & the Diamonds. A actuação dos primeiros foi marcada por diversos problemas técnicos, que afastaram alguns do palco principal, pois afectavam a qualidade do som. Ainda assim, os sons electrizantes da banda de Atlanta fizeram muitos dançar, especialmente ao som do tema “Memory Boy”.

Depois, era a vez dos tão aguardados Kings Of Convenience subirem ao palco. Bem-dispostos e donos de uma simpatia contagiante, não era preciso muito para prender a atenção do público. Um espectáculo repleto de batidas suaves e vozes melodiosas, onde houve tempo para dedicar uma música a uma das festivaleiras que esteve, ontem, nas margens do ria Taboão com a banda e agradecer todo o carinho do público português. No encore, os dotes vocais do duo foram testados: ora a cantarem bossa-nova em português do Brasil, ora a acompanharem o tema com um instrumental improvisado, a garganta e a voz de Erlend Øye que mais pareciam um saxofone. Um dos momentos altos de todo o festival, ainda que, hoje, o cartaz prometa mais uma grande noite de música.

Com o avançar da hora, coube a Marina & The Diamonds fecharem o palco principal na terceira noite de festival. Com o seu cabelo louro platinado e de óculos de sol, Marina entrou em palco cheia de energia e com um “outfit” que deixou os fãs masculinos ao rubro. Um espectáculo que ficou marcado pelas coreografias e energia de Marina Lambrini Diamandis. Com poses sensuais e com uma boa-disposição contagiante, a artista britânica mostrou que é mais do que uma cara bonita da pop e provou que merece o destaque que lhe foi dado em Paredes de Coura. Um concerto que serviu para mostrar material novo do segundo álbum da artista que sairá no próximo ano e para ser feita uma promessa: em 2012 Mariana e os seus The Diamonds voltam a Portugal e os festivaleiros de Paredes de Couras voltam a estar presentes. Até porque, nas palavras da própria Marina, “uma promessa tem de ser cumprida”.

A noite só terminou depois dos concertos no palco After Hours dos Metronomy e de Mixhell.

O festival continua hoje, sábado, com bandas como Death From Above 1979, Mogwai, Two Door Cinema Club, Orelha Negra, Peixe:Avião ou Linda Martini. Uma última noite de festival que promete levar o público ao rubro até de manhã.