A bailarina e coreógrafa Sofia Fitas divide-se entre Lisboa e Paris. Em Janeiro, o JPN encontrou-a a residir na Cité Internationale des Arts, em Paris, entidade fundada em 1957 com o propósito de dar alojamento a artistas que queiram trabalhar em França. A Cité também cede espaço de ensaios e garante algum acompanhamento ao trabalho dos residentes.
Entretanto, já passou pelo “W-Est_Where“, no Teatro Viriato, em Viseu, em Maio. Actualmente está a desenvolver “Experimento 3”, trabalho que surge na sequência de “Experimento 1” e “Experimento 2”.
Biografia:
Sofia Fitas iniciou a sua formação na Companhia de Dança de Lisboa. Durante dois anos foi bolseira na Escola de Dança Rui Horta, partindo depois para Londres, onde frequentou aulas abertas no London Studio Center, Dance Works e Urdang Academy. Em 1994, licenciou-se em Dança pela Faculdade de Motricidade Humana. Deu aulas no Centro em Movimento e em 2004 terminou o mestrado em Filosofia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas de Lisboa. Desde ’94 que desenvolve trabalhos coreográficos, principalmente em Lisboa e Paris. Já trabalhou com Rui Horta, Clara Andermatt, Vera Mantero, António Feio, entre outros. Com “Experimento 1” venceu o primeiro prémio do Festival de Dança Contemporânea das Canárias em Outubro de 2008.
Em 2008, candidatou-se a uma residência artística com a duração de três meses em Marselha mais três semanas em Paris. Não tinha financiamento, mas o interesse de estruturas como o espaço Mains d’OEuvres, onde apresentou o seu trabalho, ajudaram-na a consegui-lo a partir de Portugal, nomeadamente por parte da Fundação Calouste Gulbenkian e do Instituto Camões. Vencer o primeiro prémio do Festival de Dança Contemporânea das Canárias, permitiu-lhe apresentar “Experimento 1” noutras cidades europeias e começar a preparar um novo projecto.
A dificuldade de “vender o trabalho”
Sofia confessa que não é fácil viver entre dois países sempre com as mesmas perspectivas incertas. A bailarina considera que o interesse português pelo seu trabalho só surgiu depois de ter conseguido vingar no estrangeiro. “Em Portugal, há um circuito muito mais fechado. Dão oportunidades sempre às mesmas pessoas. Se eu não tivesse saído, não se disponibilizariam para receber o meu trabalho. É a nossa mentalidade portuguesa”, lamenta.
Para além da criação coreográfica, e precisamente por não contar com financiamento, passa muito tempo a “fazer o secretariado”, algo que não lhe agrada. “É como estar a vender o meu trabalho e eu sou tímida. Se eu tivesse possibilidade, pagava a alguém para o fazer, mas por desta vez não consegui apoios.” No entanto, a bailarina não põe de lado a hipótese de fazer novas residências, autênticos espaços de “liberdade”, principalmente quando se conta com “a confiança dos coordenadores”.
Por agora, Sofia tem-se esforçado por continuar a trabalhar em Paris. Apesar de ser uma “cidade muito densa”, acaba por ter “mais perspectivas”. Até porque em Portugal, ao contrário de França, não existe um estatuto de artista. “Como é uma profissão com alguma precariedade, o artista francês recebe um subsídio calculado em função do que trabalhou nesse ano.