O regresso aos palcos do Teatro Nacional São João (TNSJ), na nova temporada que se inicia a 15 de Setembro e se estende até Dezembro, é feito pelas mãos dos escoceces Vanishing Point que, juntamente com duas actrizes portugueses, realizaram uma residência artística no âmbito do projecto Odisseia. A peça inspira-se “nesse lugar a que chamamos ‘nossa casa’, nos sonhos que construímos em conjunto – e nos segredos que guardamos uns dos outros”.
Mas há mais estreias nos próximos meses, garantiu Nuno Carinhas, director artístico do TNSJ, durante a apresentação da programação da nova temporada. Ainda em Setembro, entre os dias 21 e 24, mas desta feita no Teatro Carlos Alberto (TeCA), será encenado “Estória do Tamanho das Palavras”. Esta “divertida reflexão sobre os afectos e os valores éticos na sociedade actual”, de Thomas Bakk, integra a programação do Festival Internacional de Marionetas do Porto (FIMP), a par de espectáculos como “Éloge du Poil”, “Sonho de Uma Noite de Verão” e “Bonecos de Santo Aleixo”.
Novidades de 2012
Antes do final da conferência de imprensa, Nuno Carinhas desvendou alguns detalhes da programação para 2012, no TNSJ. Gil Vicente regressa aos palcos, com uma encenação, do próprio director, de “Auto da Alma”. Mas este não é o único regresso. “Sombras“, de Ricardo Pais, também estará de volta e, directamente do Teatro Nacional Dona Maria II, vai ser possível assistir a “Quem tem medo de Virginia Wolf” e ” A Paixão Segundo Eurico”.
O Dia Mundial da Música, a 1 de Outubro, vai ser celebrado no Mosteiro de São Bento da Vitória, em parceria com a Casa da Música: a Banda de Música dos Mineiros do Pejão é convidada a apresentar um “happening musical em cujo repertório tanto cabem o pasodoble como Tchaikovski”.
Ainda em Outubro, tempo para uma outra estreia absoluta, no TeCA. “Estocolmo”, de Daniel Jonas com encenação, cenografia e figurinos de Ana Luena, aborda a “dependência emocional” da vítima face ao raptor – o Síndrome de Estocolmo. “É, afinal, de um rapto mental que trata a peça”, considera Carinhas.
Novembro chega com nova estreia, “Cruzadas”, de Ewan Downie, “uma história de violência entre espadas e palavras divinas” pelo Teatro Frio. Ainda em Novembro, logo a seguir à apresentação de uma nova coreografia da Companhia Nacional de Bailado, provisoriamente nomeada “Mise-en-scène”, o TNSJ vê regressar Emília Silvestre à interpretação, com “A Voz Humana”, de Jean Cocteau e concepção e encenação de Carlos Pimenta.
“Monstros de Vidro”, no TeCA de 24 de Novembro a 4 de Dezembro, é a última estreia absoluta do ano. Com direcçção de Ana Vitorino e Carlos Costa, das Visões Úteis, “Monstros de Vidro” arrisca um balanço “em acto da década que passou”, recusando “piedade e medo”.
2010 levou mais público ao TNSJ
Nuno Carinhas encara o Teatro Nacional como “um laboratório, um museu contemporâneo vivo, sem despesismo”. E isto baseado nas palavras de Francisca Fernandes, presidente do Conselho de Administração da instituição que, antes de Carinhas, apresentou alguns números referentes a 2010, como o facto de o TNSJ fechar as contas anuais “sem qualquer espécie de défice orçamental” e com uma redução dos custos operacionais em 17,75%.
Em 2010, os três espaços geridos pelo Teatro Nacional de São João receberam 82.116 espectadores (em 2009, este número ficou-se pelos 77.715), o que se reflectiu num aumento da taxa de ocupação global de sala dos 72% conseguidos em 2009 para os 74%.
“Não fazemos parte das gorduras do Estado, muito pelo contrário”, rematou Nuno Carinhas.