Com 23 anos, Rita Cardão é hoje uma das enfermeiras do Instituto Português de Oncologia em Lisboa. Participou numa acção de voluntariado em Moçambique em 2008 e, passados três anos, a voluntária não esconde a vontade de um dia regressar.

O desejo de se entregar aos outros e ter a experiência de conhecer novas culturas motivaram a jovem, na altura aluna da Escola Superior de Enfermagem do Porto, a “atravessar o mundo”, mesmo antes de terminar o curso. A enfermeira foi voluntária numa maternidade, em Lifidzi, Moçambique, única num raio de cinco quilómetros e num orfanato pertencente às Irmãs de São José de Cluny.

Para Rita Cardão, participar numa acção de voluntariado jovem é importante porque é uma experiência que “ajuda a crescer”, até na formação em que se está inserido. “Fazer voluntariado torna-nos pessoas diferentes, mais humanas e mais completas”, confessa Rita.

Daniel Oliveira terminou o curso de enfermagem em 2011 e desde há seis anos que está inserido no projecto Jovens sem Fronteiras. “Estar perto dos que estão longe, sem estar longe dos que estão perto” é um dos grandes lemas deste grupo que, para além de fazer voluntariado entre portas, promove programas internacionais.

Durante este Ano Europeu do Voluntariado, que termina no final de 2011, Daniel partiu para Angola onde exerceu funções na área da saúde, com crianças. Inserido num grupo de onze jovens provindos de “áreas diferentes e com objectivos distintos”, o jovem enfermeiro confessou ao JPN que entre professores, engenheiros ou enfermeiros, o importante era “fazer aquilo que o povo precisava”.

O desejo de ajudar o próximo não esconde os medos e os receios que os voluntários levam para solo internacional. Tanto Rita como Daniel admitem que não sabiam o que iriam encontrar, mas o acolhimento e a forma como os voluntários eram recebidos tornaram as coisas mais fáceis. “Era sempre uma festa”, revela Daniel Oliveira.

Rita Cardão relembra, porém, que as diferenças culturais entre povos são notórias, pelo que “é importante a formação”. “Sem formação torna-se difícil perceber certas formas de reacção”, explica a enfermeira.

Um mês em África

Os dois jovens enfermeiros partilham a surpresa de “saber que existem pessoas que estão pior que nós e, mesmo assim, conseguem viver de um forma pacífica e muito serena”. Mas um mês em África acaba por ser pouco tempo. Quando o ritmo do trabalho, a realidade e a cultura já começam a ser hábito, os voluntários deparam-se com a hora de regresso.

“Quando parti, achei que um mês era demasiado mas, quando saí de lá, fiquei com a sensação de que um mês é pouco”, relembra Rita Cardão, acrescentando que aquele foi um mês de “uma paz muito grande, um mês de vida em abundância”.

É devido a esta paz e ao sentimento de que se pode “sempre dar algo aos outros” que Daniel Oliveira não hesita em aconselhar os jovens a praticarem voluntariado. “Se surgir a oportunidade, vão. Não olhem para trás. A bagagem que regressa é muito maior do que a que vai!”, garante o jovem enfermeiro, alertando para o facto de ser, também, importante “fazer voluntariado cá dentro”. “Comecem cá dentro, aprendam cá dentro e depois partam para fora”, remata Daniel.

Notícia actualizada às 15h55 do dia 19 de Setembro de 2011.