O jogo não era de tudo ou nada para a seleção nacional, a quem bastava o empate para confirmar a presença directa no Campeonato da Europa. Contudo, os jogadores portugueses levaram demasiado à letra a fórmula de tranquilidade tão propalada pelo técnico Paulo Bento.

Por inequívoca que fosse a vontade de ganhar, expressa pelo treinador luso antes da partida, a noite foi de desinspiração e algum excesso de confiança, inquinando as hipóteses de Portugal carimbar, no imediato, a participação no Europeu, que se vai realizar na Polónia e Ucrânia, no próximo ano.

Dos 37 mil espectadores que assistiram ao último embate de ambos os conjuntos, no grupo H, apenas os 900 portugueses que acompanharam a seleção nacional tiveram razões para se sentirem defraudados com o desenrolar da partida, no Parken Stadion. Mesmo sem a exuberância dos tempos de Brian Laudrup e do carismático Peter Schmeichel, a Dinamarca rubricou uma excelente exibição e mostrou, desde o soar do apito, que estava ali para ganhar.

Esperar pelos play-off: a sina portuguesa

Logo aos quatro minutos deu-se o primeiro susto para Portugal, que viu um golo ser anulado à Dinamarca, um lance cujas imagens televisivas foram incapazes de esclarecer. Empurrados pelo público, os anfitriões mal deixaram respirar a seleção nacional, que se mostrou impotente nos primeiros minutos para sair a jogar no seu estilo de pé para pé. Aos 13 minutos, a lógica do encontro saiu premiada e o extremo Krohn-Dehli inaugurou o marcador com um remate cruzado à entrada da área que sofreu um desvio em Rolando, tirando hipóteses de defesa a Rui Patrício.

O golo avivou o espírito da seleção, mas a prestação dos comandados de Paulo Bento continuou discreta e receosa, num reflexo provável dos calafrios defensivos provocados pela Islândia, no Estádio do Dragão, uns dias antes. Prova disso foi a exibição de Eliseu, mais moderado nas investidas ofensivas, o que ainda assim não impediu a má abordagem do agora lateral esquerdo, no segundo golo dinamarquês.

O cinzentismo da performance portuguesa foi tal que é difícil destacar um jogador pela positiva. Na defesa, Bendtner escapuliu-se de Rolando e Bruno Alves quando bem quis, dos três M´s do meio campo, só Meireles prestou serviços mínimos e, no ataque, Ronaldo, Postiga e Nani ora caíram no individualismo, ora andaram à deriva. Rui Patrício, esse, voltou a mostrar que é grande, e para o fazer, não precisa de tirar as luvas.

Não é por isso um exercício transcendental perceber por que Portugal teve, ao longo do jogo, dois remates dignos de registo, após ações de Ronaldo, na primeira parte, e Carlos Martins, na segunda. A Dinamarca aproveitou o desnorte e Bendtner selou a vitória e a qualificação, aos 63 minutos, limitando-se a encostar depois da assistência de Rommedahl. Seguiu-se uma enxurrada de oportunidades que só não ampliaram a vantagem da orquestra dinamarquesa, onde brilharam Krohn-Dehli e o central Kjaer, porque estava lá Rui Patrício.

Ao cair do pano, houve tempo ainda para o famoso “Tomahawk” de CR7, na conversão exímia de um livre directo, que minimizou os estragos da honra portuguesa. Portugal é cabeça de série no play-off, que se vai realizar em Novembro, e pode enfrentar a Estónia, a Bósnia, a Irlanda ou o Montenegro.