A entrar na Aula Magna da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), Siza Vieira deparou-se com um anfiteatro a transbordar de alunos, professores e profissionais dos meios de comunicação. O conhecido arquiteto foi convidado a abrir o ano letivo da faculdade, com uma aula pública em que falou sobre “A relação entre as Artes”.

Durante cerca de uma hora, Siza Vieira descreveu as potencialidades que a pintura, a escultura e arquitetura possuiriam se interligadas entre si e relacionadas com outras áreas como, por exemplo, o cinema. Pelo meio, presenteou, ainda, o público com vários exemplos de estruturas arquitetónicas, desde a Idade Clássica à Contemporânea – esculturas de Miguel Ângelo, imagens de praças de Roma ou plantas do Pártenon de Atenas e da polémica requalificação da Avenida dos Aliados, no Porto – todas elas analisadas pelo experiente arquiteto nos seus prós e contras e, até, nos problemas causados quando a população se opõe à mudança (como foi o caso da avenida portuense).

Arquiteto regressa a escola onde passou os “melhores anos da vida”

A apresentação decorreu num clima de silêncio por parte da audiência. Siza Vieira aproveitou a ocasião para rever os seus anos na antiga Escola Superior de Belas Artes, local onde diz ter passado os melhores anos da sua vida. Homenageou Carlos Ramos, na altura diretor da instituição e que acabaria por ser um dos responsáveis por levar o jovem Siza Vieira a abandonar a sua “obsessão” pela escultura e enveredar pelo ramo da aquitetura. No final, o público recebeu uma pespetiva mais alargada sobre a interdependência nas Artes, a fim de evitar uma visão isolada de cada forma artística e a criação de fronteiras entre as mesmas.

Siza Vieira alcançou notoriedade e reconhecimento internacional por meio de obras como a recuperação do bairro judeu de Veneza ou a intervenção no bairro Schildersveijk (1984/1988), em Haia. Em Portugal, destacam-se a requalificação da Avenida dos Aliados, Museu de Arte Moderna do Porto e as Piscinas de Marés, em Leça da Palmeira.

Ao Leão de Ouro na Bienal de Veneza alia uma lista de prémios quase interminável, que inclui o Prémio Pritzker da Fundação Hyatt, de Chicago e a Medalha Internacional das Artes 2002, atribuída em Madrid.